No programa Bom Dia Brasil (TV Globo) de hoje, uma matéria analisou o problema dos acidentes de trânsito em São Paulo. Segundo a reportagem, quase 40% dos acidentes com mortes no trânsito na capital paulista são com pedestres.
Campanhas educativas vêm mostrando resultado, mas os números ainda são muito desanimadores.
São campanhas que deveriam ter começado há décadas, mudando a cultura.
O Código de Trânsito e o código da vida dizem o mesmo: os mais fortes são responsáveis pelos mais fracos. Motoristas são responsáveis pela segurança de ciclistas e pedestres, ainda que ciclistas e pedestres possam estar errados.
Aí a gente olha pelo mundo, se percebe que quanto mais civilizado é o país, mais segurança tem os ciclistas e pedestres no meio de trânsito. Mas essa cultura se enfraquece em um país em que uns matam os outros à razão de mais de 300 pessoas por dia, no trânsito e fora dele, aqui no Brasil. Mortes como rotina, vida banalizada.
Os casos que vimos são bem típicos: o atropelador de ciclista que foge, e o atropelador que sobe a calçada porque está bêbedo. A polícia cumpre o seu dever ao enquadrar o matador do idoso em dolo eventual, porque, afinal, ao beber e dirigir, faz com que o motorista assuma o risco de causar dano aos outros. Difícil vai ser encontrar o atropelador do ciclista e, com o tempo, o atropelador do idoso vai dirigir de novo.
Em países onde leis são severas e aplicadas, atropeladores dificilmente conseguem a paz da justiça e um volante de novo. Por isso, motoristas lá dirigem com extremo respeito ao pedestre e ao ciclista. Aqui, a impunidade e a banalização da vida e da morte ajudam a matar. Aí, estimula-se o uso da bicicleta para vencer o congestionamento; mas o resultado é este que a gente está vendo.
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