Alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) e de mais três universidades estrangeiras ganharam quatro prêmios internacionais ao desenvolverem um triciclo portátil de motor elétrico para deslocamento pessoal.
O objetivo é otimizar o tempo dos usuários de transporte público de grandes cidades: a pessoa utiliza o triciclo para percorrer o trajeto de casa até o ponto/estação de ônibus, metrô ou trem, dobra o dispositivo e o carrega consigo, e volta a utilizá-lo do ponto/estação até o trabalho. O projeto faz parte do Global Vehicle Development Project 2013, competição mundial promovida pela General Motors.
O triciclo, que recebeu o nome de Cubo, foi projetado para atingir a velocidade máxima de 20 km/h e transportar até 100 kg (incluindo usuário e bagagem). Ele pesa em torno de 17 kg, com bateria, e mede 49,78cm (comprimento) x 56,77cm (largura) x 92,18cm (altura). Quando está dobrado, as medidas passam para 49,78 cm x 20,83 cm x 62,48 cm, o Cubo parece uma maleta, com alça e rodas que facilitam seu transporte. A bateria possui autonomia de 20 km, ou seja, após essa distância, precisa ser recarregada.
"Cubo" fechado
Os requisitos de projeto foram definidos a partir da realidade de São Paulo (SP). “Estudamos o relevo da cidade, a inclinação que o dispositivo tem de subir, a legislação que limita a velocidade em calçadas, entre outros aspectos. Na pesquisa de mercado, levantamos que boa parte dos paulistanos gasta cerca de 15 minutos caminhando para chegar à estação de transporte público mais próxima”, diz Lucas Ludovico, aluno do 4º ano de Engenharia Mecatrônica da Poli/USP e líder da equipe na competição.
Os alunos da Poli/USP desenvolveram o triciclo Cubo em parceria com estudantes de engenharia da New Mexico State University (EUA), Jilin University (China), Instituto Politécnico Nacional (México), além do Art Center College of Design, uma das mais prestigiadas escolas de design dos EUA. O projeto foi apresentado no Fórum PACE – Partners for the Advancement of Collaborative Engineering Education, que aconteceu de 21 a 26 de julho, em Pasadena, Califórnia, EUA. O Cubo se destacou entre os times participantes do Global Vehicle Development Project 2013, com a seguinte classificação: 1º lugar na categoria Pesquisa de Mercado, 1º lugar em Design, 2º lugar em Engenharia do Produto e 2º lugar em Manufatura. O júri foi composto por especialistas do mercado automotivo, incluindo o diretor para Design Global Avançado da GM, Clay Dean.
Protótipo funcional
O Global Vehicle Development Project é uma competição entre as universidades participantes do Programa PACE, da General Motors mundial e com a colaboração de empresas parceiras em hardware e software, voltado para a educação de engenharia. Nesta edição, concorrem sete times, cada um formado por alunos de quatro universidades de engenharia e de uma escola de design, de diferentes países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, EUA, Índia, Itália, Israel e México). Todos receberam o desafio de desenvolver um Dispositivo Portátil de Mobilidade Assistida para usuários do transporte público.
A competição tem duas fases: a primeira terminou agora, em julho, quando os times apresentaram o protótipo não funcional (maquete em tamanho real), destacando o conceito de design. Nos próximos 12 meses, eles terão de trabalhar mais focados no projeto de engenharia e construir o protótipo funcional (o dispositivo pronto para ser usado), que deverá ser apresentado no Fórum Pace de 2014, em Turim, Itália.
A Poli/USP foi escolhida a “host school”, ou seja, além de gerenciar o time, é o local onde será construído e testado o protótipo funcional do Cubo, com a colaboração das demais universidades da equipe. Na primeira fase, que terminou em julho, os alunos da Poli foram responsáveis principalmente pela definição dos requisitos de projeto de engenharia e da pesquisa de mercado, levando em conta a cidade de São Paulo. Eles costumavam se reunir semanalmente via Skype com os estudantes dos demais países para discutir o andamento do projeto e definir tarefas – venceram as barreiras culturais e da comunicação em língua estrangeira, as dificuldades de se trabalhar com uma equipe a distância, além do desafio de aplicar o que ainda estão aprendendo em sala de aula em um projeto completo de engenharia.
“Essa atividade permite não só o intercâmbio com outras escolas, mas também é uma oportunidade para os alunos atuarem num problema real – mobilidade urbana -, em um ambiente de trabalho semelhante ao que terão após a formatura”, acrescenta o Prof. Dr. Marcelo Alves, do Departamento de Engenharia Mecânica e integrante do Centro de Engenharia Automotiva, que orienta os alunos brasileiros no desenvolvimento do projeto e faz a coordenação mundial do time no Global Vehicle Development Project. Os alunos da Poli também são acompanhados por um tutor da GM do Brasil, o gerente senior em Operações de Engenharia do Produto, Alexandre Guimarães.
O Brasil é o único país da América do Sul que participa do PACE – a Poli/USP ingressou em 2005 como a primeira escola brasileira selecionada pelo Programa (e foi a única até setembro de 2012). As universidades são equipadas com “software” e laboratórios, oferecidos pelas empresas participantes no PACE. A Poli/USP possui quatro laboratórios equipados pelo Programa, com mais de 100 estações de trabalho e “software” para Computer Aided Design (CAD), Computer Aided Manufacturing (CAM) e Computer Aided Engineering (CAE), aplicados para conceber, projetar e fabricar veículos
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