Em entrevista à rádio CBN São Paulo, o engenheiro Horácio Figueira, especialista em Transportes, teceu severas críticas ao projeto do Rodoanel Norte, na cidade de São Paulo, obra que custará entre 5,5 e 6,5 bilhões de reais e cortará a principal reserva ambiental da capital paulista.
A matéria integra uma série de reportagens produzidas pela jornalista Débora Freitas sobre a polêmica obra e seus impactos para a Região Metropolitana de São Paulo. Amanhã serão tratados os problemas ambientais que o trecho norte do rodoanel provocará para toda a cidade.
Figueira lembrou que a construção do Rodoanel teria sentido se fosse feita nos anos 1960, quando surgiu o primeiro projeto do chamado Anel Viário Metropolitano. "Só que naquele momento a frota de veículos da cidade não chegava a 300 mil e hoje já passa de 7 milhões", lembrou.
Citando o editor do Mobilize Brasil, Marcos de Sousa, que também participou da reportagem, o especialista vê a nova obra como mais uma duplicação das Marginais do Tietê, já que serão pistas paralelas, e previu que em menos de três anos a rodovia estará congestionada, não por caminhões, mas por veículos particulares. "Será mais uma via de tráfego urbano", disse Figueira, enfatizando: "Mesmo que a área cortada pelo Rodoanel Norte fosse absolutamente despovoada, seria uma inutilidade investir nessa obra. E seria um crime contra os recursos naturais da região".
Alternativa
Para a passagem de caminhões por São Paulo, ele afirma que a rodovia D. Pedro I já faz a conexão entre rodovias ao norte da cidade, dispensando a construção do Rodoanel. E sugere que os 5,5 bilhões sejam investidos em transporte público, hoje a principal demanda da cidade. "Com esse investimento seria possível construir pelo menos 230 km de corredores de ônibus com altíssima qualidade, com capacidade para transportar 2 milhões de pessoas diariamente", disse Horácio Figueira.
Leia também:
Hidroanel e Ferroanel
Ferroanel diminuiria tráfego de caminhões na Anchieta e Imigrantes
Rodoanel Norte de SP não atende à mobilidade urbana e é uma obra ilegal, diz promotor público