Na semana passada, a ONU, por meio de seu Programa para o Meio Ambiente, publicou um informe sobre a necessidade de se desenvolver infraestruturas sustentáveis nas cidades. Os resultados mostraram que infraestruturas “inteligentes” dispostas em zonas urbanas trazem benefícios econômicos e ambientais.
A parte mais interessante do documento é a descrição detalhada de 30 projetos de várias partes do mundo com modelos e sistemas que podem ser imitados. Vários destes casos estão centrados em inovações, tais como o teleférico em Medelín (Colômbia), a conversão de uma rodovia urbana em parque para pedestres em Seul (Coreia do Sul), e a preocupação com o clima em Portand (Estados Unidos).
Além destes casos, há outras ideias apresentadas no parecer da ONU que vale a pena conhecer. Veja a seguir:
© MY2200, via Flickr
Masdar : A cidade “carbono zero” no deserto
No sul de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, está sendo construída Masdar, uma cidade que não emitirá emissões de carbono, de modo a compensar as emissões causadas pela exploração de combustíveis fósseis que ocorre na região. Os edifícios serão envoltos por painéis solares e implantados na angulação mais eficiente para captar a energia do vento. O sistema de transportes será em vias exclusivas para veículos particulares funcionando com energia elétrica. A água poderá ser reciclada e os resíduos utilizados como fertilizante e fontes de energia.
© MY2200, via Flickr
Apesar de todos estes benefícios apresentados, há críticos duvidando das ambições do projeto e de seu verdadeiro impacto ambiental, uma vez que consideram a ideia “muito enigmática”. No entanto, o relatório da ONU considera Masdar “um exemplo de como garantir o investimento em uma visão sustentável”.
© Uchegod, via Flickr
Vias exclusivas para ônibus públicos em Lagos
Lagos, na Nigéria, é uma das maiores novas cidades da África. Apesar disso, até há pouco tempo não contava com um sistema de transporte organizado. Em resposta, as autoridades colocaram em prática o sistema “BRT-Lite”, com o propósito de diminuir o trânsito e proporcionar um modo de transporte alternativo à população mais pobre. O orçamento não permitia construir pistas exclusivas para os ônibus, então os projetistas utilizaram marcações sobre as pistas existentes para oferecer alguma diferenciação entre as diferentes vias. De acordo com o informe da ONU, o sistema “BRT-Lite” transporta cerca de 25% dos passageiros da cidade em apenas 4% do número total de veículos.
Courtesy of vaxjo.se
Växjö: livre de combustíveis fósseis
Växjö, uma cidade com 82 mil habitantes ao sul da Suécia, começou em 1996 um programa livre de combustíveis fósseis com o objetivo de eliminar emissões deste combustível até 2030. A iniciativa foi bem aceita pela população, no que toca à calefação das casas - desse modo, anos atrás a cidade conseguiu subsidiar a conversão dos edifícios antigos aquecidos com combustíveis de petróleo para o sistema que utiliza biomassa. Hoje, cerca de 90% do combustível para calefação vem da combustão de madeira. No entanto, as emissões do transporte foram mais que um desafio, segundo o informe da ONU. Enquanto que as autoridades da cidade trataram de persuadir os habitantes a adquirir carros de baixo consumo – oferecendo subsídios de compra e estacionamento gratuito – o objetivo é que os habitantes optem pelo transporte coletivo.
© Morio, via Wikimedia Common
Incentivos para reciclagem – Curitiba
A cidade de Curitiba é conhecida por seu sistema de ônibus com vias exclusivas, mas algumas de suas medidas de sustentabilidade mais impressionantes foram originadas em programas de gestão de resíduos. Grande parte deste êxito se deve ao fato de a comunidade ter recebido incentivos para reciclar: primeiramente, as autoridades entregaram vales de ônibus em troca de bolsas de resíduos, produtos de hortifruti e materiais para reciclagem. Ao centrar as campanhas de publicidade nas crianças, a cidade espera fomentar a conservação no futuro. Embora ainda haja um problema com catadores de lixo informais, estas iniciativas de gestão de resíduos estenderam consideravelmente a vida dos aterros em Curitiba.
© bangkokdave, via Flickr
As mudanças no trânsito em Bangkok
Após a construção da sua primeira rodovia em 1981, Bangkok (Tailândia) descobriu a lei fundamental do trânsito: mais quilômetros de estradas significam mais tráfego. Finalmente, após anos de luta contra o problema, a capital da Tailândia passou a adotar um sistema de metrô, que no final de 2011 já havia meio milhão de passageiros diários e quatro linhas em construção. As residências se deslocaram juntamente com o transporte, segundo informe da ONU, cada vez mais voltado às camadas populares. A transição não é um completo êxito, mas a importância do transporte público para o futuro da cidade é mais clara que nunca.
Leia também:
Ônibus menos poluentes vão começar a circular no DF
O que é (e o que não é) sustentabilidade
Mobilidade é desafio para prefeitos