Mais de 15 mil torcedores escolheram ir de metrô ao primeiro jogo oficial da Arena Pernambuco, entre Náutico e Sporting (de Portugal), na última quarta-feira (22). O número corresponde a 57% do total (26.803 pessoas).

Muitos reclamaram do empurra-empurra e da lotação nas estações. Em coletiva nesta quinta (23), a Secretaria Extraodinária da Copa do Mundo (Secopa) considerou positivo o resultado do plano de mobilidade esquematizado para o evento, mas reconheceu falhas e destacou que o horário de deslocamento dos torcedores ao estádio coincidiu com o pico do metrô. A Secopa afirmou que vai manter as linhas principais da operação, que prioriza o transporte metroviário, fazendo ajustes pontuais para as copas das Confederações e do Mundo.

A Arena fica em São Lourenço da Mata, município distante 19 km do Recife. "Nós consideramos o evento positivo. Houve falhas, como frequência dos metrôs, alguns detalhes do Parqtel [estacionamento privado na BR-408], falta de sinalização e iluminação em certos pontos, que não comprometeram o bom andamento da operação. Transporte de equipes, limpeza, serviços médicos para equipes e público, tecnologia da informação, segurança, hospitalidade e situação da competição foram observados pelo COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo), que os considerou bem atendidos", disse o titular da Secopa, Ricardo Leitão.

O secretário afirmou que ajustes pontuais serão realizados, mas que três linhas principais do plano de mobilidade serão mantidas: prioridade total ao transporte pelo metrô, utilização de estacionamentos remotos e acesso restrito de veículos credenciados pela Fifa à Arena. "Algumas pessoas tentaram furam o bloqueio [da Polícia Rodoviária Federal na BR-408], provocando retardamento do fluxo", criticou.

Leitão ainda fez questão de destacar que o horário da partida, marcada às 20h, exigiu mais do sistema de transporte público. "O metrô ficou sobrecarregado, pois coincidiu com a hora que as pessoas estão voltando para casa, mas isso não vai ocorrer nas Confederações, porque, dos três jogos, dois ocorrerão aos domingos e o terceiro numa quarta-feira, e o governo já determinou que será ponto facultativo no segundo expediente ", explicou Leitão.

"Estamos vivendo um fato novo: é a primeira vez que a maior parte dos torcedores chega ao estádio de metrô e isso possibilita a convivência com grupo novo [a classe média] com metrô, o que é bom para cidade", complementou Ricardo Leitão.

Lata de sardinhas

O G1 testou a viagem de metrô, ônibus e táxi à Arena, partindo de três pontos da capital pernambucana – Zona Norte, área central e Zona Sul. O percurso entre a estação de metrô do Aeroporto, previsto para cerca durar uma hora, levou quase o dobro. Empurra-empurra e composições lotadas foram os pontos negativos, amenizados pela climatização dos vagões. O lado bom foi o valor da passagem: R$ 1,60. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), 14 trens estavam em operação, com intervalos médios de quatro minutos de espera.

De acordo com o delegado federal Humberto Freire, do Centro Integrado de Comando e Controle Regional e Local, dois vagões foram apedrejados no trajeto ente as estações Alto do Céu e Cosme e Damião, onde o torcedor descia para pegar um circular gratuito até a Arena. Também na estação Alto do Céu, foi verificada falha em um trem, que ficou parado cerca de 15 minutos.

O gerente regional de manutenção da CBTU, Bartolomeu Carvalho, apontou que o metrô operou fora da normalidade não pela quantidade de passageiros, mas pela concentração de pessoas num intervalo pequeno de tempo. "Durante a ida, por exemplo, utilizamos estratégia de trabalhar no 'dois pra um', com dois trens para Camaragibe e um para Jaboatão, atendendo 11 mil pessoas/hora, quando normalmente é sete mil. A volta foi mais suave, tranquila. À meia-noite, os vagões já estavam quase vazios. O que podemos fazer é realizar uma campanha educacional para a população usar melhor o metrô e saber que todos vão conseguir chegar em casa", disse.

Sobre os elevadores e escadas rolantes que não funcionaram na estação Cosme e Damião, o gerente apontou problema no fornecimento dos equipamentos pela empresa contrantante, o que deve ser sanado, em partes, até a Copa das Confederações. "Já sobre o temor que alguns podem ter em clássicos na Arena, segregar torcidas rivais por trens são funcionaria. Teremos que contar com o apoio da segurança pública nessas ocasiões", explicou.

Faltou ônibus

O Grande Recife Consórcio de Transporte reconheceu duas falhas na operação dos ônibus para o evento. Primeiro, após a meia-noite, não haviam mais coletivos no terminal da estação de metrô Joana Bezerra, que fica, inclusive, numa das comunidades mais violentas do Recife, o Coque, diferente do acordo firmado com as empresas. Em segundo lugar, a linha especial que levaria passageiros da estação central de metrô do Recife para o terminal de ônibus do Cais de Santa Rita também não funcionou.

O Grande Recife disponibilizou 60 circulares gratuitos para levar torcedores da estação Cosme e Damião e do estacionamento Parqtel ao estádio. De acordo com o coordenador de Operações do Grande Recife, Mário Jorge, o número foi suficiente para garantir atendimento ao público e, diferente das denúncias, os veículos estavam funcionando durante a partida, e não apenas no começo e fim de jogo.

O gerente também respondeu às críticas de que não há linha de ônibus que leve o torcedor direto à Arena. "Não vai ser criada nenhuma linha, por enquanto, porque a prioridade do plano de mobilidade é justamente incentivar o uso do metrô", disse. Mário Jorge ainda informou que será estudada a ampliação do horário de funcionamento do serviço telefônico gratuito, que hoje atende das 7h às 19h, e da implementação de opção em outro idioma.

Na volta para casa, longa fila para pegar o circular até a Estação Cosme Damião (Foto: Priscila Miranda / G1)

Segurança

Trinta e uma ocorrências de menor potencial ofensivo, como desordem e vandalismo, foram registradas pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional e Local. Houve duas prisões de cambistas na delegacia móvel da Polícia Civil e um adolescente apreendido com entorpecente.

Dos cinco Pontos de Verificação Veicular previstos para funcionar na Copa das Confederações, quatro foram ativados na última quarta. Segundo o delegado Humberto Freire, 878 homens trabalharam durante o evento, reforçando a patrulha em estações de metrô e ônibus e no perímetro da Arena Pernambuco.

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