O professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), doutor em Geografia Urbana e especialista em trânsito, Geraldo Alves, disse que Manaus ganhou com a saída do monotrilho e do BRT do hall de obras para serem executadas até a Copa de 2014.
“Ainda bem que desvincularam esses projetos da matriz de responsabilidade da Copa, porque, além de não serem os mais adequados, iriam fazer às pressas e depois teríamos problemas sérios, como tivemos com o Espresso”, afirma Geraldo Alves.
Crítico dos dois projetos de mobilidade urbana propostos para Manaus, Geraldo Alves defende que o modelo mais viável para Manaus poderia ser o Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Segundo ele, é lamentável que até agora ninguém tenha se interessado em estudar a viabilidade do projeto para Manaus.
“É difícil uma cidade de porte médio na Europa e na Ásia que não use esse sistema. É eficiente, eficaz, não polui. Ele convence as pessoas a deixarem seus carros e migrarem para o transporte público, porque é confiável. Precisaríamos estudar a adequação desse sistema para Manaus”, comenta o especialista.
Segundo Alves, além de caro, o monotrilho é uma alternativa de transporte exagerada para uma cidade como Manaus. “Não faz sentido para uma cidade que tem carências mais elementares. O nível de demanda do sistema viário em Manaus ainda é baixo para a única saída ser criar vias elevadas”, disse Geraldo Alves.
BRT: falta espaço
Sobre o BRT, Geraldo Alves disse que a cidade não tem espaço suficiente em suas vias para implantar o sistema de forma completa. Se for construído, vai ter um funcionamento “meia boca”. E não vai passar de uma “porcaria”, aponta o especialista.
“O BRT é uma porcaria que empresas e governos têm insistido em meter goela abaixo da sociedade. O sistema viário de Manaus não tem vias largas suficiente para implantar. Vai ser implantado meia boca. Para ele funcionar bem, teria que ter duas vias de rolamento e só vai ter uma, como foi com o Espresso”, afirma Geraldo Alves.
Para o membro do Fórum Popular da Copa, Alexandre Simões, é baixo o nível de transparência dos governos Estadual e Municipal nas ações que antecedem as obras do monotrilho e BRT, como o processo de desapropriação.
“O BRT, por exemplo, vai atingir a vida de pessoas na zona Leste. No entanto, fizeram, em 2009, uma audiência pública para falar sobre a obra na zona Sul da cidade. E tinha mais gente do poder público na reunião do que da sociedade civil, muito menos da turma que vai ser atingida”, disse Simões. Segundo ele, o Fórum está atento para que nenhum ato seja executado sem o conhecimento e participação da sociedade.
Custo da obra não vai para a tarifa
O coordenador da UGP Copa pelo Estado, Miguel Capobiango, disse que o Governo do Amazonas não vai repassar o investimento no monotrilho para o usuário. Logo, a tarifa não vai ser alta. “O Estado está assumindo o investimento. Não vai amortizar na tarifa”, disse Miguel Capobiango.
Em abril de 2011, a equipe do jornal A Crítica foi a Kuala Lampur, Malásia, e identificou deficiências no monotrilho e no VLT utilizados por lá. A atuação restrita ao centro comercial é o principal “gargalo” do monotrilho em Kuala Lampur.
No VLT, escolha de 48% dos usuários dos sistemas de transporte público de KL, o maior problema é a lotação nos horários de pico, quando os 100 trens com dois, quatro e seis vagões parecem pequenos para tanta gente. O problema é resolvido com o aumento de vagões nos menores trens.
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