O governo de São Paulo comprou, em 2008, por R$ 750 milhões, um sistema para reduzir em até 20% o intervalo das composições do Metrô. A tecnologia, vendida como a grande solução para desafogar a lotação nas composições, ainda não funciona e continua em testes.
Os contratos para instalação da nova sinalização foram assinados com a empresa Alstom. A promessa inicial era de que o processo estaria concluído em dezembro de 2009. Mas o Metrô enfrentou uma sequência de problemas técnicos para adaptar os trens à nova tecnologia.
Em outubro do ano passado, o Metrô anunciou que em 90 dias entregaria o novo sistema. A Linha 2-Verde, onde a tecnologia é testada desde 2011, seria a primeira a aumentar o número de viagens dos trens. Novamente o cronograma não foi mantido pela empresa.
De acordo com Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, os técnicos da companhia não estariam conseguindo atingir o resultado esperado.
“A única verdade é: compraram o sistema antes de ter garantida a sua viabilidade”, afirmou Prazeres. “Os interesses econômicos falaram mais alto do que as questões técnicas para viabilizar o projeto.”
Um engenheiro do Metrô, na condição do anonimato, confirmou que os resultados dos testes até agora são decepcionantes. Nas palavras dele: “Não conseguimos sair do lugar”.
Em outubro do ano passado, o Metrô informou que os testes vinham ocorrendo no trecho entre as estações Sacomã e Vila Prudente da Linha 2, na Zona Leste. Seis meses depois, esse é o único trecho no qual o sistema foi implantado.
Chamado CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação), o programa permite que a distância entre os trens seja reduzida sem comprometer a segurança. Hoje, o intervalo entre as composições é de 200 metros. A promessa era reduzir essa distância para 70 metros.
Assim, será possível colocar em circulação mais oito trens na Linha 2, cada um transportando duas mil pessoas, o que aumentará a oferta de assentos e reduzirá a lotação. A ideia é estender o modelo para toda a rede, inclusive na Linha 3-Vermelha, caminho para o Fielzão, estádio do Corinthians, na Zona Leste, que abrirá a Copa do Mundo no ano que vem.
Desenvolvido no Canadá na década de 1980, o CBTC é considerado muito seguro. Já é usado na Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro. Nesse ramal os trens, porém, circulam sem operador dentro do vagão.
Outro lado
O Metrô disse, por meio de nota, que São Paulo é a primeira cidade da América do Sul a implantar o sistema CBTC e, por isso, os testes realizados na Linha 2-Verde são complexos e programados por trechos para minimizar o impacto aos usuários. A empresa não se manifestou sobre os atrasos no cronograma.
“Estão sendo desenvolvidos softwares específicos que proporcionarão menor intervalo entre os trens, maior conforto aos usuários e segurança do sistema”, disse a companhia. Segundo o Metrô, a cada teste do software, os técnicos analisam os resultados obtidos e, caso seja necessário algum ajuste, uma nova versão do programa pode ser elaborada.
“Por conta dessa complexidade, pode ocorrer a necessidade de um teste complementar. O Metrô já concluiu a instalação entre as estações Vila Prudente e Sacomã.” Para garantir a segurança dos usuários, segundo a companhia, o Metrô só vai liberar o sistema para operação após a conclusão de todos os testes.
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