Conforme estimativa da Urbes - Trânsito e Transportes há cerca de 300 mil bicicletas em circulação em Sorocaba. Isso equivale a dizer que para cada dois habitantes um tem uma “magrela”.
Segundo explica a assessoria de comunicação da Urbes, o número é baseado em pesquisa de preferência declarada.
Esses antigos e novos ciclistas acabam monitorando a qualidade das ciclovias na cidade, cuja extensão total causa orgulho aos sorocabanos por figurar entre as três maiores do país.
Acostumado a pedalar nas ciclovias para sair da cidade e chegar às trilhas, o empresário Joel Lourenço de Camargo, que encabeça o grupo Sorocaba Bikers, diz que elas são fundamentais por oferecer segurança. Ele mesmo observa que os grupos de pedal se espalharam pela cidade. Mas faz uma ressalva: “em dias de chuva o risco de uma queda é muito grande, porque elas ficam extremamente lisas.”
Essa é a mesma reclamação do professor de educação física Fábio Gianolla, 40. Morador de Votorantim, ele pedala três vezes por semana e sempre passa pela ciclovia da avenida Dom Aguirre para acessar a Castelinho.
“Quando vou de bicicleta com pneu fino, a Speed, tenho que redobrar a atenção porque é muito fácil de escorregar na ciclovia. Eu mesmo já cai três vezes nela.”
Mas esse não é o entendimento da Separ (Secretaria de Parcerias) responsável pelos serviços públicos da cidade. Em nota, a secretaria responde que “na construção do pavimento, a textura é do tipo concreto vassourado, justamente para aumentar a aderência.”
No total, são 106 quilômetros de ciclovias, sendo que 103 km são para uso exclusivo de ciclistas e os outros três são de ciclofaixas (aquelas que passam pelas calçadas e que já causaram muito rebuliço entre os poderes Executivo e Legislativo).
No asfalto /Na rua Paes de Linhares, na zona norte, há uma ciclofaixa pintada no próprio asfalto. Para o pedreiro Aldecir Braga de Souza, 53, que passa por ela todos os dias, às 6h e às 17h, na ida e na volta do trabalho, respectivamente, a questão é a falta de respeito por parte dos motoristas. “A gente tem que ficar atento porque de uma hora para outra um carro pode invadir a faixa”, diz.
Seja por lazer ou para o transporte ao trabalho as ciclovias mais utilizadas são as das avenidas que cortam a cidade, ou seja, as das avenidas Itavuvu, Ipanema e Dom Aguirre.
Para aproveitar essas ligações foi criado o Clube do Pedal do Sesc, que faz passeios ciclísticos às quintas-feiras (com saída às 20h) e aos sábados (16h). Conforme os monitores de esporte da unidade, o roteiro é escolhido antecipadamente pelos instrutores a frente do projeto, priorizando o uso da ciclovia e trechos de trânsito compartilhado (ciclofaixas). Muitos roteiros incluem a parte histórica da cidade.
Melhorar /Não há dúvida que as bicicletas estão, cada vez mais, ganhando notabilidade. Mas na opinião do aposentado José Ricco Neto, 53, que pedala por lazer, “há a necessidade de se continuar o projeto das ciclovias. Precisa dar uma reavivada e dar continuidade na expansão.”
Ele ressalta que há muita ligações ainda para serem feitas e cita, como exemplo, que falta um traçado que ligue o bairro Vitória Régia até à ciclovia do Parque das Águas. “Ajudaria muita gente que usa a bicicleta para trabalhar.”
Além de ser mais econômica - considerando o preço do combustível e a passagem de ônibus a R$ 3 - a bicicleta ainda perde feio para os carros.
Segundo informações da Urbes, a frota de veículos em Sorocaba, atualmente, é de 395.220 veículos. “Hoje, temos menos gente por veículo do que tínhamos em 1992, ou seja, a quantidade de veículos nas ruas está maior.
Em 2000 o índice era de 2,68 habitantes por veículo e em 2012, de 1,5 hab/veículo, uma das mais altas taxas de motorização do estado de São Paulo.
Em dez anos, de 2000 para 2010, a frota de veículos subiu de 185 mil para 339 mil, ou seja um aumento de 83,5%.
Mais extensão na ciclovia
Em Sorocaba, a Secretaria de Parcerias informa que trincas e buracos nas ciclovias “são avaliados ininterruptamente por meio das inspeções” e garante que “quando algum buraco é encontrado, o mesmo é tapado em 48 horas. No caso de obstáculos, se verificados pela fiscalização, eles são removidos e no momento em que são feitas as varrições nas vias próximas às ciclovias, o lixo é retirado.”
Mas em Votorantim, os ciclistas não tem nem como reclamar da manutenção das ciclovias porque a extensão é de apenas um quilômetro e meio linear. Isso tende a mudar, conforme explicação da Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo. Ela informa que “os projetos de recapeamento e pavimentação que estão sendo elaborados nesta gestão serão incluídas ciclovias e acessibilidade, nas vias do sistema urbano principal.”
“Seria muito bom poder contar com as ciclovias porque oferecem a possibilidade de não ter que disputar espaço com os carros”, garante o professor de educação física Fábio Gianolla, que integra o grupo Votobikers.
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