O recifense não só aprovou totalmente o projeto das ciclofaixas móveis, que já teve três edições na capital, como defende a ampliação da proposta para outros bairros e, principalmente, exige a implantação de ciclovias pela cidade para pedalar com mais frequência e segurança. Esses são alguns dos resultados da pesquisa sobre o perfil do ciclista do Recife, que aponta a opinião, as demandas e os valores de quem pedala na cidade, realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) com 360 ciclistas na estreia das ciclofaixas móveis do Recife, dia 24 de março. São 25,5 quilômetros de ciclofaixas móveis, segregadas do tráfego por cones, que interligam as Zonas Norte e Sul do Recife pelo Bairro do Recife.
A pesquisa do IPMN é uma grata surpresa. Não porque aponta uma aprovação extraordinária do projeto – o que já era esperado pela Prefeitura do Recife diante da quantidade de ciclistas verificada nas três edições das ciclofaixas. Surpreende porque os números revelam que o recifense quer pedalar, mas se sente inseguro sem um espaço físico próprio para as bicicletas, segregado fisicamente do tráfego de veículos. Os números comprovam: 99,7% das pessoas ouvidas são favoráveis à construção de ciclovias na cidade e apenas 0,3% é contra. E mais: 49,3% dos entrevistados acham que as ciclovias devem ser prioridade para melhorar o deslocamento dos ciclistas na capital, enquanto 27,9% apostam nas ciclofaixas (quando a separação do tráfego não é física, apenas com sinalização ou cones).
O levantamento mostra que 92,9% das pessoas ouvidas se sentem ameaçadas ao andar de bicicleta pelas ruas da cidade e 88,4% acreditam que a capital não oferece condições ideais de deslocamento para ciclistas. O medo do morador do Recife e a demanda por um espaço seguro para pedalar também se confirma no fato de 66,9% dos entrevistados terem afirmado que utilizam a bicicleta apenas em áreas fechadas, enquanto que 33,1% sentem-se à vontade para pedalar por áreas abertas.
Em relação às ciclofaixas móveis, a pesquisa confirma a aceitação da população: 100% das pessoas que já ouviram falar das ciclofaixas do Recife (91,9% dos entrevistados) são a favor do projeto, 98,5% querem que as ciclofaixas existam no bairro onde residem e 95,5% defendem a permanência do equipamento. A pesquisa foi recebida com alegria pela Prefeitura do Recife, não só pela aceitação ao projeto, mas também pelos indicativos de que o recifense quer sim pedalar. "Atingimos o objetivo de dar ao recifense uma opção de lazer, de circular pela cidade, de contemplá-la. De fazer o motorista ver a importância do ciclista na rua. Iniciamos um debate na cidade de tolerância e respeito ao uso das bicicletas. De o ciclista respeitar o ciclista e também o pedestre. Esperávamos uma grande aceitação e estamos felizes. Ela nos mostra que precisamos disponibilizar mais ciclofaixas e ciclovias para integrar toda a cidade”, comentou o secretário de Turismo do Recife e criador das ciclofaixas móveis, Felipe Carreras.
A grande aceitação, entretanto, não vai provocar ampliações imediatas no projeto. "Não vamos ampliar o horário das rotas até que o uso das existentes se consolide. O que iremos fazer é criar novas rotas. Isso é certo e deverá ser anunciado no segundo semestre pelo prefeito Geraldo Júlio. Já estamos pesquisando novos caminhos, avaliando a questão da segurança, para só depois anunciarmos”, acrescentou o secretário. O perfil dos usuários das ciclofaixas móveis de lazer e turismo, também como esperado, é a classe média, bem remunerada, com ensino superior completo, casada em sua maioria, com mais de 30 anos e que possui emprego com carteira assinada.
Confira um resumo da pesquisa na arte de Hernanto Barbosa/JC:
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