Em 2009, o governo do Amazonas prometeu sistemas complexos — e caros — de transporte para revolucionar a mobilidade urbana da cidade, aproveitando a onda de investimentos para a Copa. Eram eles o Monotrilho Norte/Centro, que vinha sendo planejado desde antes da escolha de Manaus como uma das sedes do evento, e o corredor de ônibus (BRT, Bus Rapid Transit) Eixo Leste/Centro.
Quatro anos depois, nada saiu do papel. Problemas no processo licitatório do monotrilho e falhas no projeto do BRT fizeram naufragar as promessas do governo. Em outubro de 2012, o próprio estado do Amazonas jogou a toalha e solicitou ao Ministério das Cidades a retirada das duas obras da Matriz de Responsabilidades, documento que lista os compromissos de cada ente federativo para a Copa de 2014. Juntos, BRT e monotrilho somavam investimentos de quase R$ 1,6 bilhão (R$ 800 milhões só do governo federal).
Em outubro de 2012, o governador do estado, Omar Aziz, ratificou a exclusão dos projetos, mas minimizou o legado que a Copa geraria através deles. “A capacidade do estádio é de 42 mil pessoas e isso cabe facilmente no sambódromo. As pessoas vão, estacionam e não reclamam da mobilidade. No dia da Copa, decreta-se feriado municipal e não haverá problema”, disse Aziz, de acordo com o “Globoesporte.com”.
Sem os revolucionários projetos, Manaus ficou com apenas uma carta na manga para melhorar a infraestrutura de trânsito até 2014: o prolongamento da Avenida das Torres, ainda em fase de licenciamento, mas sem relação formal com a Copa do Mundo (não está na Matriz).
Hoje, tanto monotrilho como BRT foram reintegrados ao PAC da Mobilidade e deverão virar realidade entre 2015 e 2016 – depois da Copa, portanto. Mas, de alguma forma, Manaus se viu obrigada a compensar a mobilidade urbana, ou a falta dela, com um bom trabalho nas obras do aeroporto Eduardo Gomes e no estádio, a Arena da Amazônia. É a lição que a capital amazonense tirou desta história, para não fazer feio em 2014.
* Texto publicado originalmente no Portal 2014