Dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que o alívio trazido ao trânsito pela criação de mais pistas teve vida curta.
A nova marginal foi inaugurada em 27 de março de 2010. Um dos objetivos da obra era reduzir de 12% a 15% a lentidão da cidade.
Dois meses depois da inauguração, a prefeitura chegou a divulgar estudo que mostrava melhora de 21% no trânsito da capital, comparando com o mesmo período de 2009.
Na época, o impacto foi atribuído à nova marginal e a medidas como a abertura do trecho sul do Rodoanel.
Em 2011, o índice de lentidão na cidade melhorou 3% no pico da manhã e 5% à tarde, em relação ao ano anterior.
Aos poucos, porém, tudo foi "voltando ao normal".
Os dados de 2012 mostram que os congestionamentos voltaram a subir, superando 2010 tanto de manhã (10%) quanto de tarde (7%).
O aumento ocorreu mesmo após veículos pesados serem proibidos na marginal e em outras vias, em março de 2012.
A CET atribui a piora no trânsito ao aumento da frota.
DE NOVO
Motoristas dizem ter percebido o fim do "efeito marginal". "No começo deu uma boa aliviada. Mas hoje já voltou ao que era", diz o taxista Rubens Salles, de um ponto próximo à ponte do Piqueri.
Para especialistas, o espaço aberto pelas novas pistas foi ocupado por mais veículos porque a frota cresceu.
"Até quem não pegava mais a marginal voltou a usar, e então já excedeu a capacidade da via", diz Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP. "Como você faz uma obra de R$ 2 bilhões com vida útil menor que três anos? Foi dinheiro jogado no lixo."
Para Flamínio Fichmann, urbanista, a obra foi importante. "O fato de ter lotado de veículos mostra que ela era necessária. Mas deveriam ter sido criadas faixas exclusivas para ônibus, para o transporte coletivo ser beneficiado."
Outra meta da obra é aumentar em 35% a velocidade média na via até 2020, ano em que o projeto considerava atingir sua capacidade máxima.
A CET não divulgou dados para comparação, mas apesar da maior fluidez relatada por motoristas, no horário de pico a velocidade dificilmente chega aos 50 km/h prometidos.
"O anda e para continua. A prova é que ainda tem um monte de vendedor ambulante", diz Rogério Vieira, que usa a marginal diariamente.
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