Um dos principais pontos de Belo Horizonte, a praça Diogo Vasconcelos, mais conhecida como praça da Savassi, passou por um processo de reurbanização que durou 14 meses, até maio do ano passado.
Com a obra, a capital mineira, além de ganhar um novo espaço de convivência, recebeu melhorias e mais mobilidade urbana num importante cruzamento de duas grandes avenidas, a Cristóvão Colombo e a Getúlio Vargas.
O projeto privilegiou o pedestre, inclusive incorporando uma área a mais para a praça, com o fechamento de antigos bolsões de estacionamento. E nas travessias, o piso implantado, de cores e texturas diferentes, serve de alerta ao motorista para que reduza a velocidade.
“A praça ficou toda em nível. Quando o carro entra num piso com textura diferente, o motorista reduz a velocidade”, explicou Lincoln Raydan, gerente regional da Regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP/MG).
O projeto é assinado pelos arquitetos Eduardo Beggiato e Edwirges Leal, do escritório Begiatto & Leal Arquitetura. A revitalização foi idealizada ainda em 2004, quando a ABCP/MG se reuniu com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação dos Amigos da Savassi. O intuito, incorporado depois ao partido do projeto, era gerar espaços públicos adequados, possibilitando o convívio das pessoas e a realização de eventos.
Sai o estacionamento, entra a praça
A obra fez parte do Programa Centro Vivo, implantado pela prefeitura, e prevê a recuperação de áreas centrais da cidade. A praça da Savassi é composta pelo encontro de quatro vias: as avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas, e as ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. Juntas, elas formam um grande asterisco. Ainda na década de 1980, as pontas foram fechadas e as ruas viraram bolsões de estacionamento. “Em cada quarteirão, havia 50 vagas. Com a obra, as vagas foram perdidas, mas a cidade ganhou uma praça, que fica na cabeça das avenidas e se estende pelo quarteirão inteiro” , explica Edwirges Leal, coautora do projeto.
O cruzamento, por sua vez, foi mantido. Segundo a arquiteta, era necessário caracterizar o local como praça, mas as avenidas precisavam ser preservadas. “Não havia elemento nenhum que mostrava que ali era a Savassi. Reforçar a circunferência era um objetivo. Para isso, colocamos cores diferentes” , afirmou Edwiges. Os pisos intertravados foram utilizados também com esse objetivo:
“Na área de projeção da antiga praça, o tipo de piso permitiu maior visibilidade da revitalização proposta e o ganho de uso com maior identidade para o pedestre”, avalia Maria Luisa Belo Moncorvo, assessora técnica da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
As sinalizações de trânsito e da faixa de pedestre, então, foram destacadas com cores no cruzamento das avenidas. “A travessia de pedestres é auxiliada pelas faixas brancas com piso vermelho” , explica Raydan. No total, o pavimento ocupa uma área de 3,6 mil m2.
Outro modo de reforçar a circunferência na praça revitalizada foi inclinar o solo em 6% , a uma altura de 50 cm. A Cristóvão Colombo e a Getúlio Vargas têm 35 metros de caixa de rolamento, além de 15 metros da faixa de pedestre. O pavimento termina na faixa de retenção, quando a rampa encontra o asfalto.
Nas ruas que complementam o projeto, placas pré-fabricadas de concreto (60 cm X 60 cm) foram implantadas numa área de 7,2 mil m2. “Isso favoreceu bastante a questão da acessibilidade, da mobilidade dos pedestres” , afirmou Raydan.
Glamour recuperado
Antes, os espaços eram semifechados, com estacionamento e paralelepípedo. A expectativa é de que a praça, nivelada, com novos locais de convivência, como se fosse um shopping a céu aberto, resgate o glamour perdido a partir da década de 1980.
Em cada ponta dos quarteirões, há quatro fontes de água. As ruas agora têm bancos, que ocupam o espaço das antigas vagas para veículos. A praça também conta com novos sistemas de iluminação e de sinalização. Além disso, o projeto paisagístico foi responsável pelo plantio de 36 árvores e 560 arbustos.
Orçada em R$ 11,8 milhões, a intervenção foi iniciada em março de 2011. O processo licitatório dos trabalhos ocorreu em 2008. De acordo com Maria Luísa, os serviços contemplaram todas as intervenções de infraestrutura, como drenagem pluvial, redes de esgoto e de dados, além da iluminação e da sinalização. “Em nenhum momento o tráfego foi interrompido totalmente", afirma Raydan. Já nas ruas, onde as placas de concreto foram instaladas, todas as redes de telefonia, fibra ótica, de drenagem e de esgoto foram refeitas.
* Publicada originalmente na Revista Prisma, edição 45, nov. 2012