Mais de 800 mil carros entopem ruas de Salvador e vem aí mais 50 mil até 2014

"Salvador não tem mais hora para engarrafar". Não precisa ser dono de um veículo para já ter dito esta frase, pelo menos uma vez, nos últimos meses

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Fonte: Tribuna da Bahia  |  Autor: Kelly Cerqueira  |  Postado em: 04 de dezembro de 2012

Engarrafamentos ocorrem o dia inteiro, em Salvador

Engarrafamentos ocorrem o dia inteiro, em Salvador

créditos: Reginaldo Ipê

 

Com uma frota de mais de 815 mil veículos, contabilizando apenas os cadastrados pelo Departamento de Trânsito do estado, Salvador enfrenta uma das piores fases na área de mobilidade urbana, sem previsão exata de cura para este mal.

 

Responsável por motoristas cada vez mais estressados e pedestres insatisfeitos, a situação do trânsito na cidade parece só piorar a cada ano, a ponto de especialistas alertarem: "Estamos à beira do caos e cerca de 3 mil novos entram em circulação na cidade por mês".

 

Até a Copa do Mundo teremos mais de 50 mil novos veículos no trânsito da capital.

 

Nos últimos dez anos, o número de automóveis na cidade praticamente dobrou, passando de quase 460 mil, em 2002, para 815.104 até outubro deste ano.

 

Embora assuma que a redução do IPVA, imposto cobrado sobre a venda dos veículos tenha movimentado o comércio na área, a doutora em Engenharia de Transporte e professora da Universidade Federal da Bahia, Ilce Marília Dantas Pinto, aponta outros agravantes que colaboram para o caos na mobilidade da capital baiana.

 

“Não podemos esquecer que vivemos em uma cidade ondulada, com um sistema viário complexo, acidentado, pobre em ligações transversais, sem contar que é uma das cidades mais densas em população no Brasil”, explicou.

 

Para ela, o problema não se resume ao aumento da quantidade de veículos nas ruas, mas também na falta de infraestrutura que colabore com a redução da dependência em se deslocar com veículo particular.

 

“Na atual situação do transporte público de Salvador, sem linhas de ônibus que atendam da maneira adequada, sem poder contar com o metrô, não há como as pessoas deixarem os veículos em casa”, continuou.

 

Segundo a doutora em Engenharia de Transporte, os engarrafamentos ainda não são o principal problema causado pela falta de investimento em mobilidade urbana.  

 

Mais de 100 mil motos

“Excluindo a morte por doenças, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes no Brasil, ficando atrás apenas de homicídios, portanto é também um assunto de saúde pública”, ressaltou. Mesmo com o crescimento dos problemas de trânsito, até o mês de outubro, a quantidade de veículos em Salvador subiu 5,5%, segundo dados divulgados pelo Detran-Ba, pouco menos do que em relação ao ano anterior, quando mais 6.3% de novos automóveis passaram a rodar nas ruas da cidade.

 

Outro ponto a ser levado em conta nos projetos de mobilidade urbana, segundo a especialista se refere ao preparo das vias para receber o grande número de motocicletas. Entre os principais veículos que se envolvem em acidentes, principalmente os fatais, os veículos de duas rodas ganharam o gosto dos soteropolitanos e também a fama de serem dos mais perigosos. Salvador possui mais de 101 mil motos cadastradas e a tendência crescimento também atinge o interior do estado.

 

Soluções

Tidos como alguns dos principais pontos críticos em relação a quantidade de acidentes e de engarrafamentos, a avenida Luiz Viana Filho (Paralela) e a avenida Octávio Mangabeira (Orla), se apresentam como únicas alternativas de ligação entre os dois pontos da cidade e o resultado da falta de opções se apresenta diariamente, nos horários de pico. Para o mestre de planejamento em transporte urbano Elmo Felzemburg, um dos grandes erros do sistema de mobilidade urbana de Salvador é a priorização de obras pontuais sem levar em considerações as necessidades da cidade como um todo.

 

“As malhas viárias funcionam em rede, então não se pode priorizar uma região e sim trabalhar um corredor inteiro. Não há como pensar em melhorias na área do Iguatemi sem pensar em mudanças na BR-324 e na Avenida Paralela, por exemplo. Precisamos de um projeto completo de mudanças na infraestrutura”, opinou. Segundo ele, não há como por fim aos longos engarrafamentos sem oferecer ao cidadão, alternativas de deslocamento, tanto de vias como de meios de transporte público.

 

Como prioridade, Elmo acredita que a implantação de um transporte rápido de massa, como o metrô, pode ser uma saída rápida para melhorar o fluxo nas ruas, apresentando aos motoristas uma alternativa econômica e eficiente de deixar o carro em casa.

 

No entanto, o especialista alerta que é necessário um pacote de ações que envolva criações de vias expressas, redução e modernização do sistema de controle dos semáforos, implantação de passarelas e criações de conexões diretas em corredores inteiros de trânsito para que haja de fato mobilidade urbana na cidade.

 

“Nós possuímos uma rede viária totalmente defasada, nunca tida como prioridade, mas se começarmos a pensar na cidade como um todo, efetuando um projeto que apresente alternativas de deslocamento para o pedestre, o ciclista, e que permita que o cidadão deixe o seu veículo em casa certamente o trânsito começará a fluir”, concluiu.

 

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Comentários

Erealdo Fagundes Couto - 04 de Dezembro de 2012 às 21:59 Positivo 0 Negativo 0

A solução para melhorar nossos transportes chama-se: Nióbio eu disse Nióbio o minério que vale mais que o ouro alguém sabe, acho que não.  Somos roubados e o povo passa fome  mas o governo sabe e fica quieto. Até quando eles vão esconder ?

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