A prefeitura de Porto Alegre, por meio da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), entrega no sábado, a partir das 9h, um novo trecho da ciclovia da avenida Ipiranga. O espaço, de 1,4 km, localizado entre as avenidas Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio) e Erico Verissimo, se junta aos 416 m já liberados para uso.
Inicialmente, a previsão de conclusão total da obra de 9,4 km era para o segundo semestre deste ano. Os trabalhos tiveram início em 22 de setembro. Mas uma série de contratempos ocasionou atrasos no cronograma, fazendo com que o ano feche com apenas 1,8 km entregue. Se o mesmo ritmo dos trabalhos já realizados fosse seguido daqui para frente, seriam necessários mais 4,5 anos para a execução total da extensão restante.
Não é o que espera o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, segundo o qual a via de uso exclusivo dos ciclistas deverá estar concluída no primeiro semestre do próximo ano. “Estamos trabalhando para entrega em maio de 2013. Vamos iniciar o terceiro trecho, que é o da Azenha até a Antônio de Carvalho. São mais 7 km, e (a obra) irá começar em seguida. Estamos finalizando as tratativas para o início. O prazo de construção dessa etapa seria de seis meses. Acredito que, iniciando agora em dezembro, iremos concluir até maio”, afirma.
O trecho que será liberado no sábado foi construído por meio de contrapartida da ampliação do Praia de Belas Shopping. A próxima etapa, por sua vez, será resultado de contrapartida da Companhia Zaffari. Conforme disse Cappellari, o termo de compromisso está sendo finalizado.
Debates atrasaram obra
Segundo a EPTC, os atrasos se deram em razão dos diversos debates em torno da construção. “A ciclovia da Ipiranga é emblemática para a cidade. Houve aquela discussão pública da CEEE, que foi superada. É um processo de grande participação da cidade; isso foi ocasionando atrasos no cronograma de obras. É uma ciclovia diferenciada, por isso gerou esse debate todo.”
Cappellari diz que a prefeitura está em processo de contratação da empresa que fará o projeto executivo dos 12 km da ciclovia da avenida Sertório, que irá circundar a área do Aeroporto Internacional Salgado Filho. “Devemos estar, no máximo, até meio do ano que vem licitando aquela ciclovia. Já há recursos do orçamento municipal destinados”, destaca.
Com os 1,8 km da Ipiranga, Porto Alegre passa a ter 11,4 km de ciclovias e ciclofaixas, nos seguintes locais: 4,6 km na Restinga, 2,1 km na avenida Diário de Notícias, 1,2 km em Ipanema e 1,7 km na avenida Icaraí.
Além da Sertório, as bicicletas terão espaços próprios, na sequência, na Edvaldo Pereira Paiva (6,35 km construídos junto com as obras de duplicação), na Voluntários da Pátria (3,5 km, também conjuntos com a duplicação, da Rua da Conceição até a avenida Sertório), na Loureiro da Silva (1,2 km de extensão, interligando as ruas José do Patrocínio e Vasco Alves) e na José do Patrocínio (880 metros, ligando as avenidas Loureiro da Silva e Venâncio Aires).
Metade do uso de bicicletas públicas é para lazer
A EPTC não tem um diagnóstico exato sobre como as ciclovias e ciclofaixas da capital são utilizadas. Os dados mais concretos são os que dizem respeito ao uso das bicicletas públicas, recém-implantadas, por meio do sistema Bike Poa. “Hoje, das 17 mil viagens que já foram feitas, em torno de 50% foram para transporte e outros 50% para lazer ou passeio”, afirma o diretor-presidente da empresa.
Uma das preocupações de quem defende a criação dos espaços exclusivos para trânsito de ciclistas é de que o uso não se restrinja aos finais de semana, para momentos de lazer. Por enquanto, nos feriados, sábados e domingos, a média diária gira em torno de 700 viagens, o que representa o dobro da registrada durante os outros dias no Bike Poa.
Para que as bicicletas possam ser usadas como veículo de transporte em substituição a motos e carros, as vias de uso exclusivo teriam de se interligar, formando uma rede de circulação pela cidade, como a prefeitura pretende que formem, após a conclusão das vias previstas. O Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre, aprovado pelos vereadores em 2009, prevê uma malha de 495 km de ciclovias espalhados pela Capital.
Leia também:
Obras para a Copa em Porto Alegre ficam 64% mais caras, diz TCU
Trecho de ciclovia em Porto Alegre será entregue em breve
RS: em menos de 1 mês, aluguel de bikes tem 6 mil usuários