Jailton, das bebidas
Jaílton Lima Barbosa nasceu no Maranhão, e está há um ano em São Paulo. A distribuidora de bebidas onde trabalha - a RB, localizada na rua Fortunato, em Santa Cecília - é conhecida na região por empregar um verdadeiro exército de ciclistas. Já bem de manhã cedo, a empresa libera seu pessoal para sair (em disparada louca, dizem alguns vizinhos) pelas ruas da cidade, com as bikes sempre carregadas com gradeados de bebida, que são dispostos à frente e atrás do veículo. O destino são os bares e restaurantes, não só do centro como de bairros adjacentes.
Embora abra um sorriso tranquilo, Jaílton não esconde que é pesado esse seu trabalho, e que muitas vezes precisa pedalar forte por mais de dois quilômetros, com a carga no limite, sem perda de tempo. Isso sem contar os probleminhas comuns de acontecer, como um pneu que fura bem no meio do percurso, diz ele.
Sérgio, da lavanderia
Sérgio Luís Esperandio é paulistano e pedala há dois anos para entregar roupas aos clientes da Lavanderia Fiel, na rua Cesário Motta Júnior, em Vila Buarque, região central de São Paulo. A loja prefere fazer as entregas com a bicicleta por economia. "Em geral, são locais próximos, a até 8 km da lavanderia, no máximo em Pinheiros ou na região da avenida Paulista, e assim fica mais rápido e barato", explica. Em dias fracos, Sérgio faz cerca de dez entregas; em dias mais movimentados, são mais de vinte entregas. O trabalho não é pesado, já que as roupas são leves, mas de vez em quando aparece um tapete e exige mais esforço.
Chuva atrapalha um pouco, mas não é problema, ele até prefere trabalhar com o tempo mais úmido e fresco. Sérgio reclama mesmo é do trânsito violento de São Paulo, porque "os motoristas não respeitam os ciclistas". Para prevenir acidentes, a receita é não ter pressa e manter a atenção no trânsito: "Os problemas aparecem sempre juntos... é gente atravessando a rua, um sinal que abre antes da hora ou um carro que aparece na contramão". Mesmo assim, há alguns meses ele foi atropelado por uma moto, que deixou ferimentos leves, mas inesquecíveis em sua perna.
Sérgio é rigoroso no trânsito e sempre procura andar na mão certa. Dá preferência aos pedestres e jamais pedala sobre a calçada, afirma com orgulho. Ele gosta muito de seu trabalho e confessa que quase passeia pela cidade. "Acho que é um privilégio não ter que ficar em um lugar fechado", diz.