A mobilidade urbana é o principal desafio de Ribeirão Preto nas próximas décadas, segundo especialistas ouvidos pelo A Cidade.
Dentro de vinte anos, segundo o Conselho Municipal de Urbanismo, o município deverá contar com 1,1 milhão de habitantes, 80% a mais do que hoje. Em cinco décadas, todo o perímetro urbano deverá estar ocupado, de acordo com projeções da secretaria de Planejamento.
Por isso, para urbanistas como Vera Migliorini, Augusto Valeri e Fernando Freire, é vital definir hoje como o ribeirão-pretano vai andar amanhã por essa metrópole.
E, na opinião deles, isso significa ampliar o conceito de mobilidade, priorizando o transporte coletivo, fortalecer meios não- motorizados, com ciclovias, criação de pequenos trajetos para serem percorridos a pé. Mas, acima de tudo, é preciso restringir o uso do automóvel. E, para eles, isso só será possível com um transporte público de qualidade, otimização dos espaços públicos, com a população mais perto de equipamentos e serviços públicos e a interligação entre às várias formas de transporte.
Cidades como Curitiba e Porto Alegre são exemplos a serem seguidos, principalmente por causa da integração dos meios de transporte de massas, com o uso de corredores exclusivos para ônibus e semáforos inteligentes.
Para o urbanista Fernando Freire, importa mudar mentalidades. "Não adianta trazer ônibus novos se o modelo continua não priorizando o pedestre. talvez os gestores públicos tenham de começar a mudar o modo como vêem a questão da mobilidade e percebendo a sua relação direta com a qualidade de vida da população."
Viadutos
O problema é que a visão das sucessivas administrações ainda está longe disso. "A Cidade publicou uma matéria há um mês sobre projetos que a Prefeitura enviou ao governo federal, dentro do PAC da Mobilidade Urbana.
Nenhum deles resolve o problema", afirmou o urbanista Augusto Valeri, que foi gerente de Integração de Política de Mobilidade do Ministério das Cidades.
O projeto, de R$ 268 milhões, prevê a realização de diversas obras viárias, inclusive viadutos nas avenidas Maurílio Biaggi, João Fiúsa e Leão Treze.
"Ribeirão Preto não precisa disso. O custo de um viaduto é maior do que fazer 100% de um plano cicloviário", completou Augusto Valeri.
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