Porto Alegre propõe ciclofaixa onde ocorreu atropelamento em massa

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre (RS) apresentou, na noite desta segunda (3), o esboço de um projeto de ciclofaixa

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Fonte: Terra  |  Autor: Letícia Heinzelmann  |  Postado em: 04 de setembro de 2012

As ciclofaixas serão separadas da rua por uma barr

As ciclofaixas serão separadas da rua por barreira física

créditos: Ivo Gonçalves/PMPA/Divulgação

 

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre (RS) apresentou, na noite desta segunda-feira, o esboço de um projeto de ciclofaixa para a rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa, zona central de Porto Alegre, onde, em fevereiro de 2011, o servidor público Ricardo Neis atropelou 17 ciclistas do movimento Massa Crítica. Na reunião, ocorrida no salão de uma igreja da via, o diretor-presidente do órgão, Vanderlei Cappellari, não citou o atropelamento, mas disse que o bairro foi escolhido pela sua localização e por concentrar grande número de ciclistas.

 

"Temos pesquisas que indicam que a Cidade Baixa é a comunidade onde se tem o maior índice de utilização da bicicleta como meio de transporte. Inclusive, há um grande movimento dos próprios empresários daqui, que nos solicitaram autorização para, por meios próprios, implementar bicicletários, para que seus clientes possam, ao chegar nas suas lojas, nos seus comércios, ter um local adequado para guardar a bicicleta. Temos registros até de duas empresas que trabalham aqui utilizando a bicicleta como equipamento de telentrega."

 

Além da José do Patrocínio, as avenidas perimetrais Loureiro da Silva e Érico Veríssimo também devem receber ciclovias. Os novos espaços para circulação de bikes na região devem servir como ligação entre outras ciclovias já em construção, como as das avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Ipiranga. "O objetivo, previsto no plano diretor cicloviário, é interligar as ciclovias em construção, permitindo que o ciclista possa vir lá da Usina do Gasômetro (na orla do Guaíba), indo até a Redenção (Parque Farroupilha), que terá a ligação pela Loureiro da Silva; ou então adentrar a José do Patrocínio, indo até a Ipiranga. Na verdade, é criar uma rede que possa dar alternativas de circulação para que o ciclista possa não só circular lá na Edvaldo ou na Ipiranga, mas que ele possa usar o caminho intermediário", explicou Cappellari ao Terra.

 

De acordo com a EPTC, as ciclofaixas serão de segregação, ou seja, com barreira física para a área de circulação de automóveis. O diretor negou que voltem a ser utilizados formatos como o da Ciclovia dos Parques, antiga faixa que interligava áreas de lazer da capital e só funcionava aos finais de semana e feriados. "Não vamos trabalhar com equipamentos que só sejam utilizáveis alguns dias da semana, só utilizamos nos projetos ciclovias e ciclofaixas que sejam permanentes e de uso somente dos ciclistas. Nós temos hoje os corredores de ônibus, tanto aqui da Cascatinha (Erico Verissimo) quanto lá da Terceira Perimetral, que são fechados aos domingos, mas nós queremos, nos projetos que estamos elaborando, e para os quais pedimos o auxílio da comunidade, que sejam todos eles de uso permanente."

 

O atropelamento em massa

Um grupo de ciclistas que tradicionalmente percorre as ruas do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, foi atropelado por volta das 19h do dia 25 de fevereiro de 2011. Segundo a Polícia Militar, 100 ciclistas do movimento Massa Crítica seguiam pela rua José do Patrocínio, quando foram surpreendidos por um Golf preto na esquina com a rua Luiz Afonso. A maioria escapou do atropelamento, mas 17 ficaram feridos, sendo cinco com lesões, que foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro.

 

Após ouvir testemunhas, a polícia prendeu, no dia 2 de março, o proprietário do carro, Ricardo Neis, 47 anos, funcionário do Banco Central. Em depoimento, ele alegou legítima defesa, relatando que os manifestantes agiram com violência contra seu veículo. De acordo com o polícia, as vítimas foram impedidas de se defender, uma vez que o motorista avançou com seu carro enquanto os ciclistas estavam de costas, sem esperar o golpe. O fato foi filmado por um morador do alto de um prédio. O vídeo teve grande repercussão na internet, gerando protestos de solidariedade aos ciclistas gaúchos em várias partes do mundo.

 

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