Estudo aponta veículos mais indicados para transporte nas grandes cidades brasileiras

BRT, VLT e monotrilho. As duas siglas e a palavra monotrilho representam não apenas meios, mas sistemas de transportes que podem amenizar as dificuldades do trânsito

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Fonte: Agência Brasil  |  Autor: Pedro Peduzzi  |  Postado em: 03 de setembro de 2012

Trânsito na capital nacional

Trânsito na capital nacional

créditos: Divulgação

 

Hoje, os efeitos negativos vão além da qualidade de vida daqueles que, diariamente, perdem horas tentando se locomover entre a casa e o trabalho ou a escola.

 

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que os problemas de deslocamento dos moradores nas grandes cidades afetam “diretamente” a produtividade do trabalhador e a competitividade do setor produtivo. De acordo com o estudo Cidades: Mobilidade, Habitação e Escala, no Brasil, a situação tem piorado, já que, entre 2003 e 2010, o tempo médio gasto pelo brasileiro em deslocamentos urbanos aumentou 20%.

 

A solução para o problema pode estar nas siglas BRT e VLT e no monotrilho, diz o diretor do Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. A primeira delas, bus rapid transit, refere-se a um sistema de ônibus com faixa exclusiva, no qual a tarifa é paga antes do embarque, ainda na estação. A segunda sigla – veículo leve sobre trilhos –  é usada para uma versão moderna dos antigos bondes. Para situações onde há menos espaços na superfície, a solução pode estar alguns metros acima do solo: o monotrilho, sistema de transporte que, em geral, é feito sobre vigas.

 

“A escolha do sistema ideal depende de fatores como o tamanho da demanda e as condições da cidade”, disse à Agência Brasil o diretor do Sinaenco. “O veículo com maior capacidade de transporte é o metrô, que consegue transportar 80 mil passageiros por hora em cada sentido. O problema é o alto custo de construção e as dificuldades de implementá-lo em cidades já constituídas”, ressaltou Bernasconi. Ele destacou, porém, que, para boa parte das cidades brasileiras, o transporte de superfície mais eficiente é o BRT.

 

Segundo o diretor Bernasconi, apesar de ter menor capacidade – 30 mil passageiros por hora em cada sentido –, o BRT é um sistema muito eficiente "e com metodologia totalmente brasileira”. O sistema foi implantado pela primeira vez em Curitiba e, atualmente, é usado em diversos países, tanto na Europa quanto na Ásia e nas Américas.

 

Já o VLT tem capacidade para transportar 40 mil passageiros por hora em cada sentido. “Do ponto de vista ecológico, este bonde moderno é o melhor sistema de transporte. Além de ser agradável de andar, é bastante silencioso. Isso ajuda a evitar, também, a poluição sonora, muito comum em ambientes urbanos”, explicou o especialista.

 

Para localidades onde não haja espaço na superfície, o mais indicado é o monotrilho. “Quem já foi a Miami ou à Disneylândia conhece bem este sistema. É como se fosse um VLT, só que elevado [por vigas]. É um transporte caro, e há questionamentos quanto aos efeitos que ele causa na paisagem. Mas há também muita gente que o acha bonito”. O monotrilho tem capacidade para transportar 50 mil passageiros por hora em cada sentido.

 

De acordo com Bernasconi, o monotrilho tem também suas vantagens. “Além de poder atingir mais velocidade em áreas complicadas, permite um passeio bonito, com paisagens vistas do alto. Isso ajuda a criar, no cidadão, o hábito de querer usar o transporte público [e deixar o carro na garagem].”

 

“Ainda que ter carro seja um direito, é por causa deste tipo de veículo que as cidades estão com pessoas cada vez mais aborrecidas por causa de trânsito. O problema é que não há, no Brasil, uma cultura de uso do transporte público, a exemplo do que acontece em vários países europeus. Lá, é hábito usar veículos particulares apenas nos finais de semana, geralmente para pegar rodovias. Somado a isso, há o fato de, por aqui, carro estar associado a status”, acrescentou Bernasconi.

 

Segundo o estudo da CNI, o Brasil teve crescimento demográfico de 13% entre 2003 e 2010. No mesmo período, o número de veículos em circulação aumentou 66%. Conforme o estudo, a consequência é que cada morador das 12 metrópoles brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Belém, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre e Recife) gasta, em média, uma hora  e quatro minutos para se locomover. Nas cidades médias, que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes, as pessoas gastam, em média, 31 minutos em seus deslocamentos.

 

Edição: Nádia Franco


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Comentários

MdC Suingue - 03 de Setembro de 2012 às 14:19 Positivo 0 Negativo 0

...e o mais importante, é que em lugar nenhum do mundo se resolveiu o problema com apenas um modal, resolveu-se fazendo uma mistura complementar deles. Pois bem, qual o peso de cada modal onde achou-se soluções satisfatórias?

MdC Suingue - 03 de Setembro de 2012 às 14:14 Positivo 0 Negativo 0

... qual o gasto de energia/passageiro/km? Quais os custos de implantação/manutenção? Qual é a durabilidade? Em quais as matrizes energéticas esteremos investindo? Qual o futuro delas? Quais os custos ecológicos? Em que cidades cada um se adapta?...

MdC Suingue - 03 de Setembro de 2012 às 13:58 Positivo 0 Negativo 0

Vi o título da matéria fiquei esperançoso de que fosse mais profunda, mais técnica e mais ampla. A questão não pode se resumir apenas a X passageiros para um modo, 2x para outro e 2.8x para outro. Tem muito mais fatores nessa equação.

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