É preciso lutar pelo respeito à calçada, o espaço primário dos pedestres

O aumento de motocicletas em circulação, as baixas velocidades do sistema viário e a fragilidade da fiscalização criaram um modo paulistano de conduzir: no "corredor"

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Eduardo Biavati  |  Postado em: 23 de agosto de 2012

Motociclista trafega pela calçada da rua Venezuela

Motociclista trafega pela calçada da rua Venezuela

créditos: Marcelo Justo/Folhapress

 

Foi como um não-veículo que a motocicleta se incorporou ao trânsito, inventando um espaço que jamais existiu em qualquer projeto de engenharia e na lei de trânsito.

 

Em nome da lógica da agilidade, a tomada do "corredor" pelos motociclistas subtraiu deles mesmos e dos demais condutores e pedestres a segurança de circulação.

 

A invisibilidade da motocicleta no "corredor" é fatal ao motociclista, mas não só para ele. Em 2011, as motocicletas causaram o atropelamento e morte de 138 pedestres na cidade (22,4% dos pedestres mortos no trânsito).

 

Investigação conduzida pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já revelava em 2009 que mais de 2/3 dos atropelamentos envolvendo motocicletas ocorriam em meio de quadra, ou seja, durante a travessia dos pedestres, enquanto buscavam brechas entre os veículos parados.

 

A formação do "corredor" exige pista dupla e, no mínimo, duas faixas por sentido. Quando isso não ocorre --como na rua Augusta, o motociclista cria uma posição para o "corredor": circula sobre a sinalização horizontal dupla amarela ou com a moto na faixa de sentido contrário.

 

E quando nem a contramão é possível? Ocupa-se a calçada simplesmente.

 

Longe dos olhos da zona de máxima proteção ao pedestre, descobrimos que não bastam as faixas de travessia e o gesto decidido de sinalizar o uso da faixa.

 

É preciso lutar pelo respeito à calçada, o espaço primário da segurança do usuário mais frágil do trânsito.

 

EDUARDO BIAVATI é sociólogo e especialista em educação no trânsito



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