O transporte público é o grande vencedor desta Olimpíada de Londres. Porque está funcionando bem o esquema montado pelos organizadores dos Jogos, que faz com que todos os visitantes, inclusive atletas, utilizem o sistema coletivo para chegar ou sair da região do Parque Olímpico. Até porque não há estacionamento para torcedores nessa área.
O resultado é que virou uma atração a mais acompanhar os esportistas em suas viagens por metrô, trem e até a pé pela cidade. Na última terça-feira (7), por exemplo, um astro como LeBron James e outros jogadores do chamado Dream Team, a seleção norte-americana de basquete, viajavam sorridentes ao lado de surpresos passageiros no trem de alta velocidade entre Stratford e o centro de Londres.
As estrelas do basquete americano - que não ficam hospedadas na Vila Olímpica - utilizaram o trem rápido batizado de Javelin depois de assistirem a vitória da equipe feminina dos EUA sobre o Canadá por 91 a 48, pelas quartas de final. Depois de chegar ao centro da capital, desceram pelo acesso à conexão com o metrô, em pleno horário de pico, chamando a atenção de passageiros e curiosos.
Outro que causou alvoroço entre os populares, viajando no metrô de Londres, foi o esgrimista venezuelano Rúben Limardo. Na quarta-feira (8), assim que conquistou o título de campeão olímpico, embarcou no trem com destino ao centro da cidade, levando no peito a medalha de ouro, para comemorar tanto a vitória como também o seu 27º aniversário.
Londres: exemplo de mobilidade
Cerca de 7,5 mil coletivos circulam por Londres. Eles fazem parte de uma rede gigantesca e eficiente, que começa nas calçadas, passa por baixo da terra, pelas ruas, avenidas e termina nas águas do rio Tâmisa. O sistema de transporte público de Londres é exemplar: integra metrô, trem, táxi, bicicleta, ônibus, barco e até bondinho (o Emirates Air Line, que liga North Greenwich às Royal Docks). E funciona!, constata o repórter Tulio Milman, em matéria no Zero Hora.
O sistema de transporte da capital britânica é gerido a partir de uma inteligência única. Os horários se encaixam, as tarifas são racionais e a pontualidade é pré-requisito. O acesso a toda essa rede de transportes pode ser feita por cartão (batizado de Oyster).
O atual prefeito de Londres, Boris Johnson, renovou toda a frota de antigos ônibus e táxis, por novos modelos, muitos deles híbridos, movidos também a eletricidade. Além disso, implantou o sistema de aluguel de bicicletas, patrocinado por um banco privado; o serviço custa uma libra (R$ 3,17), por 24 horas de uso das bikes.
As bicicletas são donas das ruas, onde circulam livremente. Há ciclovias, mas em muitas regiões elas são apenas línguas de asfalto, sem proteções laterais ou mesmo sinalização. Ninguém buzina e até os ônibus esperam pacientemente. Os ciclistas sinalizam com o braço antes de dobrar nas esquinas. E o trânsito para.
O metrô de Londres tem 402 km de extensão. São 13 linhas, identificadas por cores e nomes. A cidade é dividida em seis zonas e a tarifa, inclusive para o cartão Oyster, varia de acordo com a região. Quem percorre distâncias maiores, paga mais.
O nível de aprovação ao serviço, de acordo com a Transport for London (TFL), empresa que administra o metrô, é de mais de 80%. Em pelo menos em um item, porém, a cidade deixa a desejar: acessibilidade. Os investimentos aumentaram nos últimos anos, mas estações de metrô e prédios antigos ainda têm muito mais degraus do que rampas ou elevadores.
A fiscalização do trânsito é rigorosa. Um complexo sistema de câmeras serve de apoio. Somente nas duas últimas semanas, 2,4 mil motoristas foram multados por trafegarem na faixa exclusiva para veículos de atletas e de autoridades olímpicas. Cada um terá de desembolsar 130 libras, ou R$ 416.
Carros a 19 km/h
Há cerca 28 mil táxis em Londres. A bandeirada custa 2,40 libras, o equivalente a R$ 7,62, e a tarifa é calculada levando em conta o tempo e a distância.
A velocidade média de circulação nas vias londrinas é de 19 km/h. Para estimular o uso do transporte coletivo, os carros pagam pedágio para trafegar pelas ruas mais centrais e movimentadas. E os estacionamentos são caros. Uma hora no bairro de Chelsea custa 4,5 libras, mais de R$ 14.
Londres a pé, com prazer e segurança
Caminhar pela cidade também é fácil. As calçadas são largas e sem buracos. Há rampas para cadeirantes e carrinhos de bebê. Para evitar atropelamentos entre os turistas, já que o sentido do tráfego é invertido, há setas e avisos pintados nos cruzamentos dos pedestres: "Olhe para a esquerda. Olhe para a direita". E os carros costumam parar para o pedestre passar.
Números da mobilidade londrina:
- O metrô de Londres transporta 1,1 bilhão de passageiros por ano
- Mais de 40 mil pessoas trabalham no sistema público de transporte
- Há 19,5 mil paradas de ônibus na cidade, e 90% dos londrinos moram a menos de 400 m de alguma delas