Uma polêmica da China. O Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio (Simerj) vai pedir ao Ministério Público que investigue uma situação inusitada: de acordo com a entidade, a concessionária Metrô Rio está sendo obrigada a reduzir, “a toque de caixa”, a largura de plataformas em algumas estações e a aparar pilastras e paredes de túneis das linhas 1, 1A e 2, em até 20 cm.
Teria havido uma falha na avaliação do gabarito aerodinâmico dos novos trens chineses, ou seja, nos cálculos que projetam como o trem se movimenta nos trilhos. Especialista confirma o problema, mas a concessionária Metrô Rio nega com veemência.
De acordo com o vice-presidente do sindicato, Ariston Siqueira dos Santos, as obras ocorrem à noite. “Trata-se de um erro de avaliação grotesco.
Os técnicos não levaram em consideração que, por não terem motores nos vagões, só nas locomotivas, ao contrário dos atuais, o balanço nas laterais dos comboios comprados na China é bem mais acentuado, o que levaria os vagões a colidir com estruturas de concreto”, explicou Ariston.
Gabarito
Especialista em Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Fernando MacDowell endossa a denúncia. “Esse absurdo está realmente ocorrendo. Cansei de alertar em audiências públicas, conforme registros em atas e gravações, que isso iria acontecer porque, simplesmente, não observaram o gabarito aerodinâmico”, afirmou MacDowell, ressaltando que o problema interfere em boa parte das 35 estações.
Metrô Rio: obras só de padronização
A direção do sindicato ressalta que a adaptação deixará o vão entre o trem e a plataforma maior, o que pode representar um perigo no momento de embarque e desembarque dos passageiros.
A assessoria de imprensa do Metrô Rio negou que haja problemas com os trens chineses e informou que as obras fazem parte de um projeto de “padronização das estações”.
A assessoria assegurou que o cronograma para a estreia dos trens chineses, em agosto, está mantido. A concessionária já foi multada em R$ 374 mil por atraso na entrega dos novos vagões, prevista, inicialmente, para agosto de 2010.
O investimento no novos trens chineses foi de R$ 320 milhões. A previsão é que, até o início do ano que vem, todas as 19 composições estejam circulando no trajeto Pavuna-Botafogo. A promessa é que a temperatura média nos vagões seja de 23 graus.
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