Em atividade, o metrô de Belo Horizonte existe há 25 anos. Mas uma parte da população da cidade só foi conhecê-lo a partir de 1999, quando da criação do Station, festival que leva artistas e bandas tanto aos vagões quanto às estações do metrô. Em sua quinta edição, o evento, que começa amanhã, vai levar neste e nos próximos dois sábados de junho, uma série de atrações para os espaços do sistema de transporte público. E, desta vez, vem com novidades. Como os shows só começam depois da meia-noite, já que o metrô funciona até 23h, antes haverá palco na Praça da Estação para receber o público.
O perfil das principais atrações é bastante diversificado. Há clássicos da música pop (Lobão, Paralamas do Sucesso), nomes de uma geração posterior, também queridos do público (Marcelo Camelo, Nação Zumbi), até boas e novas cantoras (Tiê, Roberta Sá). Entre as pratas da casa, duas bandas híbridas: Gravelover’s, união de Graveola e o Lixo Polifônico e Dead Lover’s Twisted Heart, que tocam versões e canções autorais que não fazem parte de seu repertório usual, e a Orquestra Mineira de Brega, que reúne os dois grupos supracitados, mais Transmissor e Proa, para tocar músicas bregas, como o próprio nome indica.
Mas todos são shows para os próximos sábados. Neste fim de semana de estreia, o Music Station convocou uma banda local (Fusile), uma cantora (Céu), uma banda de versões (Del Rey) e outra autoral (Funk Como Le Gusta). O FCLG encerra a noite, fazendo o último show na Estação Vilarinho (última das estações, será a única a receber duas atrações no festival).
Emerson Villani, guitarrista do FCLG, lembra-se de já ter se divertido muito em outra edição do Music Station do qual o combo paulistano de soul e funk se apresentou. Desta vez, a banda, hoje com 10 integrantes, traz novas cartas na manga. Formado há 13 anos, o grupo já teve várias trocas de integrantes (Paula Lima e Eduardo Bid estão entre os antigos participantes do combo). Mesmo com boa agenda de shows, eles foram bastante econômicos em lançar material próprio. Vão chegar ao terceiro álbum nos próximos meses.
“Demoramos a lançar porque não tínhamos gravadora nem prazo de entrega”, diz Villani. O material - são duas dezenas de canções - será dividido da seguinte forma. Metade estará no CD físico. Assim que ele for inserido no computador, vai aparecer um link para um álbum virtual, com outras canções. “Então na verdade é um álbum duplo”, diz Millani, completando que o FCLG vai tocar algum material inédito que vai estar no novo CD.
Segundo plano
Ineditismo é uma coisa que não existe no Del Rey, que abre os shows no metrô na noite de amanhã (na Estação Santa Inês). O vocalista China, ex-Sheik Tosado e atualmente em carreira solo, uniu-se aos integrantes do Mombojó há seis anos para tocar, exclusivamente, repertório de Roberto Carlos. Já visto algumas vezes em BH, é um show delicioso, tanto pela diversidade das canções (não há restrição à qualquer fase da longeva carreira do Rei) quanto pela química entre os músicos e a presença de China no palco.
“Temos no repertório umas 50 músicas do Roberto, então sempre tocamos o que estamos a fim”, conta o vocalista, avisando que eles não costumam fazer ensaio, já que “Roberto Carlos está no inconsciente coletivo de todos”. Há uma regra para o Del Rey: o grupo só se apresenta se nem China ou Mombojó têm algum outro show no dia. “É segundo plano para a gente mesmo. Acho que o público é que leva mais a sério do que nós mesmos.” Tanto por isso, não há sequer algum projeto de registro em disco ou DVD. “Já rolaram algumas propostas para gravar, mas não é interessante para a nossa carreira. Seria por causa da grana, mas se o Del Rey lançar um disco, isso vai acabar prejudicando a minha carreira e a do Mombojó. Nos consideramos mais do que crooners”, diz China.
Numa outra praia está o Fusile. Uma das bandas mais comentadas da cena rock recente de BH, o grupo foi criado há não mais que quatro anos. Lançou um EP com cinco faixas e está em fase de gravação do próximo. O nome é Coconut revolution. “Na verdade, esse álbum será desmembrado em cinco EPs”, conta o saxofonista Henrique Staino. A Revolução dos Cocos a que se remete o título é um movimento separatista (1989 e 1998) de nativos da Ilha de Bougainville contra o governo da longínqua Papua Nova Guiné. “A ideia veio do Rafael Cocão (baterista) e influenciou a gente mais na postura: não obediência civil, fazer com o que se tem e buscar alternativas de produção.” Quanto ao som propriamente dito, o Fusile carrega influências que vão do rock’n’roll básico até mambo, valsa e samba.
Na Praça da Estação
Antes das estações abrirem, haverá um aquecimento para o BH Music Station, a partir das 21h, na Praça da Estação. Os shows vão ocorrer nas três noites do evento. Amanhã, tocam Márcio Mello e os DJs Fael e Deivid. No dia 11 de junho será a vez de Buddy Holly e Cris Foxcat, Nest e Márcio Mello. E no último dia do evento, as atrações são o DJ Trista, os do Seletores Roodboss Soundsystem e Márcio Mello.
Nos vagões
Outra atração do eventos são os shows nos vagões. Nesta edição, os convocados foram Bill e Brasilino (cajón e trombone); Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim; Naiara Beleza (pole dance); Trio Trilho Samba Show; Tambor Mineiro; Trio Clandestino (forró); Trio Lampião (forró); Jairo De Lara; Gabi Mello (blues e jazz); Bloco do Moreré (samba).
Programação
Sábado, 4
0h15 – Del Rey (Estação Santa Inês)
0h15 – Fusile (Estação Minas Shopping)
0h30 – Céu (Estação Vilarinho)
2h30 – Funk Como Le Gusta (Estação Vilarinho)
Dia 11
0h15 – Tiê (Estação Santa Inês)
0h15 – Gravelovers (Estação Minas Shopping)
0h30 – Marcelo Camelo (Estação Vilarinho)
2h30 – Lobão (Estação Vilarinho)
Dia 18
0h15 – Roberta Sá e Trio Madeira Brasil (Estação Santa Inês)
0h15 – Orquestra Mineira de Brega (Estação Minas Shopping)
0h30 – Paralamas do Sucesso (Estação Vilarinho)
2h30 – Nação Zumbi (Estação Vilarinho)
BH Music Station
Evento nas estações do metrô de Belo Horizonte. Entrada pela Estação Central, Praça da Estação, Centro. Portões abertos: 23h30. Início dos shows: 0h15. Ingressos por noite: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia); Passaporte três noites: R$ 220 e R$ 110 (meia). À venda no www.ticketsforfun.com.br, Chevrolet Hall, Leitura (Savassi e BH Shopping) e Fnac (BH Shopping). No dia do evento, os ingressos poderão ser adquiridos nas bilheterias da Estação Central. Informações: (31) 4003-5588.