Uma das obras mais caras e controversas da Copa de 2014 vai ficar ainda mais onerosa aos cofres públicos, além de correr o risco de não estar pronta até a competição.
Na manhã desta terça-feira (15), a Secretaria da Copa em Mato Grosso (Secopa) recebeu os envelopes das empresas interessadas no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Cuiabá-Várzea Grande. Ao todo, quatro consórcios participam da concorrência pública.
Como a elaboração do edital e a abertura dos envelopes tiveram vários adiamentos, o início das obras do principal projeto de mobilidade urbana da Copa em Mato Grosso só deverá acontecer entre o final de julho e o começo de agosto segundo a assessoria da Secopa. O prazo da obra é de 24 meses a partir da ordem de serviço.
O custo também aumentou. A estimativa inicial do governo era de que o modal estaria avaliado em R$ 1,21 bilhão. Mas agora o valor mínimo a ser desembolsado para a construção do metrô de superfície cuiabano deve ser R$ 1,47 bilhão, referente à menor proposta apresentada nesta terça-feira, pelo consórcio VLT Cuiabá.
As empresas CR Almeida, Santa Bárbara, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna e Astep compõem este consórcio, o único sem a participação de empresas estrangeiras na disputa.
Já a maior proposta, de R$ 1,85 bilhão, foi apresentada pelo consórcio Expresso Verde, composto por seis companhias, sendo uma delas chinesa (Engeglobal, China National Machinery Import & Export Corporation, Construtora RV, Convap, Três Irmãos e Ecoplan).
Além do VLT Cuiabá e do Expresso Verde, o consórcio Mendes Júnior/Soares da Costa/Alstom propõe tocar o modal ao custo de R$ 1,54 bilhão, enquanto o Tranvia Cuiabá, com participação de empresas espanholas e alemãs, apresentou proposta de R$ 1,59 bilhão. O vencedor será divulgado em dez dias.
Para o secretário da Copa Mauricio Guimarães, os valores apresentados foram muito altos. “As propostas ficaram um pouco acima do esperado, mas o processo licitatório segue em andamento”, afirmou, acrescentando que o custo final do VLT poderá sofrer uma diminuição assim que o consórcio vencedor for definido. “Aguardaremos o final do certame para verificar com o governador as medidas cabíveis.”
Dos R$ 1,21 bilhão inicialmente previstos para a obra, o governo do estado já tem autorizado o empréstimo de R$ 423 milhões junto à Caixa Econômica Federal, referente ao sistema de transporte anterior a ser implantado para a Copa, o BRT (Bus Rapid Transit, ou linhas exclusivas de ônibus).
Como se trata de uma licitação do tipo técnica e preço, a Secopa esclarece que o grupo de empresas que propôs realizar a obra pelo menor valor não será necessariamente o ganhador da concorrência.
De acordo com o órgão, o quesito preço é responsável por 40% da pontuação final na hora de se avaliar a melhor proposta, enquanto a análise técnica corresponde a 60%. Após o anúncio da proposta vencedora, os consórcios terão cinco dias úteis para contestar o resultado da licitação.
Nos moldes do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), a execução do VLT prevê que o consórcio vencedor fique responsável por todos os estágios da obra, desde elaboração dos projetos básico e executivo até o fornecimento de material e a operação do sistema.
Ao todo, o metrô leve que vai ligar Cuiabá à vizinha Várzea Grande, cidade onde está localizado o Aeroporto Internacional Marechal Rondón, terá 33 estações ao longo de 22 quilômetros de extensão.
Outras obras
Se o VLT preocupa, as demais intervenções de mobilidade urbana em Cuiabá andam a pleno vapor. A primeira das obras do corredor Mário Andreazza, referente à duplicação da ponte homônima, se encontra 95% finalizada, faltando apenas alguns ajustes para a inauguração.
Além da ponte, outras duas obras (a duplicação de 9,4 km da rodovia Mário Andreazza, com pouco mais de 20% de execução, e a construção de uma trincheira entre as avenidas Ciríaco Cândia e Miguel Sutil, recentemente iniciada) respeitam o cronograma estipulado.
A um custo total de R$ 32 milhões, as obras do corredor Mário Andreazza constam na Matriz de Responsabilidades, ao lado do VLT.
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