A cada quatro dias, uma pessoa morre atropelada na região. Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2001 e 2010, 934 pedestres perderam a vida nas ruas das sete cidades. Isso corresponde a 37,7% do total de 2.471 acidentes fatais registrados no período. Ou seja, a cada dez mortos no trânsito, quatro são atropelados.
Apesar de alarmante, os óbitos têm diminuído ao longo dos anos. Em 2001, 106 pessoas morreram ao serem atingidas por veículos, número que caiu para 88 em 2010, queda de 17%. Na comparação com a Capital e a Grande São Paulo, a região registrou avanços. Em 2000, a taxa de atropelados mortos era de 3,9 por 100 mil habitantes no Grande ABC, 2,7 na Capital e 3,3 na Grande São Paulo. Proporcionalmente, aqui se morria mais atropelado que nos outros locais.
Já no fim da década, a proporção local diminuiu, passando para 3,4 mortos por 100 mil habitantes. Na Capital, a taxa é de 5,8, e na Grande São Paulo, 5,1.
A queda de mortos por atropelamento na região, apesar de baixa, é bem vista por especialistas. "Considerando as poucas medidas de proteção ao pedestre, é um número para prestar atenção. Contribuiu para isso a redução de velocidade em alguns corredores, mas falta muito a ser feito", avalia a especialista em Mobilidade Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Silvana Zioni.
O engenheiro de tráfego Horácio Figueira elogia a redução de 99 para 88 casos entre 2009 e 2010, queda de 11,1%. "Se tivermos esse percentual todos os anos, vamos zerar a mortalidade em dez anos."
Para acelerar a diminuição na quantidade de mortes, Figueira sugere a intensificação das ações de fiscalização. "A maioria dos casos ocorre nas madrugadas e fins de semana, justamente quando a fiscalização é afrouxada", critica.
Em 2010, São Bernardo e Diadema registraram 80,7% do total de atropelamentos fatais no Grande ABC. Na opinião de especialistas, o número pode ser justificado pelo fato dos municípios serem cortados pelas rodovias Anchieta e Imigrantes. Proporcionalmente, Diadema teve mais mortes que a Capital e a Região Metropolitana, em relação à população. O município teve 9 casos por 100 mil habitantes, contra 5,8 e 5,1, respectivamente.
Em São Bernardo e São Caetano, a taxa foi de 4,7. Os atropelamentos fatais na região correspondem a 9,2% entre os 39 municípios da Grande São Paulo.
Idosos são maioria entre as vítimas fatais
Pessoas com mais de 60 anos correspondem a 30,7% dos casos de mortes por atropelamento no Grande ABC, o que representa o maior percentual entre todas as faixas etárias registradas em 2010. Em segundo lugar, dos 20 aos 29 anos registrou 17 mortos, o que corresponde a 19,3% do total.
Na década, os atropelamentos de idosos tiveram alta de 58,8% na região, passando de 17 para 27 casos. Na Capital, o aumento foi de 30,2% , enquanto na Grande São Paulo o acréscimo foi de 34,2%. Seguindo a tendência dos atropelamentos em geral, Diadema e São Bernardo também registraram a maioria de vítimas mortas na terceira idade, com 77,7% do total.
O médico Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, explica que o número é alto porque os idosos são mais frágeis em relação a outros pedestres. "Pessoas com idade mais avançada têm mais dificuldade de atenção e concentração, além de visão, audição e mobilidade precária."
Os dados do Ministério da Saúde revelam que os homens são maioria entre os atropelados. A cada três mortos no Grande ABC, dois são do sexo masculino. "A mulher é mais cautelosa e atenciosa do que o homem. Além disso, os processos degenerativos são mais intensos nos homens, o que faz com que o envelhecimento seja mais rígido", acrescenta Alves.
Cresce número de atropelados nas rodovias
Entre 2010 e 2011, as rodovias Anchieta e Imigrantes tiveram aumento de 73,3% no número de mortes por atropelamentos, segundo levantamento da concessionária Ecovias. Em 2010, 15 pessoas morreram ao ser atingidas por veículos nas estradas. No ano passado, foram 26. A alta foi puxada pelos dados da Imigrantes, que teve 18 mortes no ano passado - o dobro do ano anterior.
A maioria dos casos ocorreu no trecho de Planalto das vias, enquanto na serra não houve atropelamentos fatais. Dado curioso da concessionária aponta que 19% das pessoas morreram a menos de 100 metros das passarelas. Para tentar diminuir as estatísticas, a Ecovias criou programa educacional nas comunidades vizinhas às rodovias.
MOTOS
O total de motociclistas mortos no Grande ABC teve alta de 128,6% entre 2001 e 2010, passando de 21 para 48 casos. Na Capital, a alta foi ainda maior, de 274,4%, enquanto na Grande São Paulo, o acréscimo foi de 260,4%. Em toda a Região Metropolitana, 692 motociclistas morreram em 2010, o que equivale a quase dois por dia.
Leia também:
No Grande ABC (SP), consórcio abandona Travessia Segura
Governo define estações de VLT que vai ligar Santo André a Guarulhos
Em São Bernardo (SP), ônibus podem dividir espaço com trólebus no ABC ainda neste semestre