A capital amazonense tem como desafio para sediar jogos da Copa de 2014 conseguir ordenar as vias públicas da cidade, suas calçadas principalmente. É praticamente impossível andar pelas calçadas do centro histórico de Manaus, situação essa provocada pelo comércio ambulante, e suportada pela população já há várias décadas.
Há no centro de Manaus dois mil camelôs cadastrados atualmente, segundo dados da Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento (Sempab). O levantamento feito pela reportagem do Mobilize, para a campanha Calçadas do Brasil, foi exatamente nessa região de grande movimentação de pedestres, considerada a mais crítica da cidade. A situação encontrada foi a responsável pela baixa nota obtida pela capital amazonense neste levantamento: 3,6 na média geral das cidades avaliadas.
Na Praça da Matriz, por exemplo, quase não se vê o símbolo religioso, por causa da enorme quantidade de camelôs que fecham a vista de toda a área. São vendedores de roupas, verduras, frutas, artesanatos, cosméticos, e até fotógrafos que tiram retratos de documentos no local.
Há anos a prefeitura tenta retirar os ambulantes, sem sucesso. A última ação foi um projeto de camelódromo provisório, cujas obras só foram iniciadas, em março de 2011.
Agora, reuniões do governo com os ambulantes tentam encontrar novos locais na cidade para a instalação deste comércio.
Segundo o secretário da Sempab, Rogério Vasconcellos, a fiscalização vem falhando há anos e o problema agora só poderá ser resolvido com a oferta de um lugar adequado para os ambulantes: camelódromos em pontos neutros da área central e também em bairros mais populosos como os das zonas Norte e Leste. A ideia não é bem vista pelos vendedores ambulantes, porém.
Especialistas como o arquiteto Jaime Kuck defende a descentralização como a melhor alternativa para o problema. “O centro está lotado, e a construção de um camelódromo nas proximidades até ajudaria a reverter a ocupação irregular das calçadas. Mas a melhor solução acredito que sejam pequenos centros de compras nos bairros", explica.
Acessibilidade
Para o presidente da Associação de Deficientes do Amazonas (Adefa), Isaac Benayon, desde 1994 Manaus deixou de fazer adequações nas vias visando a acessibilidade. “A luta para melhorar o acesso dos deficientes tem sido constante. Com o crescimento da cidade o problema só aumenta. Para a Copa, se nada for feito, os deficientes físicos não conseguirão nem chegar à porta do novo estádio”, lamenta-se.
MANAUS
Locais avaliados:
Av. Manaus Moderna (área do porto)
As calçadas são ocupadas por vendedores de alimentos e de passagens de barco, principal meio de saída da cidade para os municípios do interior do estado.
Rua Rui Barroso
Calçadas estreitas. Toda a extensão criada pra passagem do pedestre é ocupada de forma massiva por vendedores ambulantes. O local também não possui rampas de acessibilidade.
Avenida Eduardo Ribeiro
As calçadas atendem o padrão estabelecido pelo código de postura do município, mas são ocupadas por vendedores ambulantes. Também não possui rampas de acesso para cadeirantes.
Avenida Sete de Setembro
Calçadas estreitas e ocupadas por vendedores ambulantes.
Rua Joaquim Sarmento
A calçada atende à recomendação municipal e tem menor ocupação por ambulantes. Porém, não possui rampas de acessibilidade.
REGULAMENTAÇÃO
- Lei Nº 674/2002, artigo 44, determina que os logradouros públicos deverão atender à normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de necessidades especiais ou com mobilidade reduzida, nos termos definidos pelas normas técnicas federais.
Local |
Irregularidades |
Degraus |
Largura |
Rampas |
Obstáculos |
Iluminação |
Paisagismo |
Sinalização |
Média |
Avenida Djalma Batista |
6 |
5 |
5 |
4 |
4 |
8 |
6 |
5 |
5,38 |
7 de setembro |
5 |
5 |
7 |
0 |
0 |
5 |
0 |
5 |
3,38 |
Rui Barroso |
0 |
8 |
9 |
5 |
0 |
8 |
8 |
9 |
5,88 |
Eduardo Ribeiro |
0 |
0 |
5 |
2 |
0 |
6 |
0 |
5 |
2,25 |
Manaus Moderna |
0 |
5 |
6 |
2 |
0 |
5 |
0 |
5 |
2,88 |
Mario Ipiranga |
0 |
2 |
4 |
2 |
0 |
4 |
0 |
3 |
1,88 |
|
|
|
|
|
|
|
|
Média total: 3,60 |