A capital amazonense busca emplacar alternativas sustentáveis para desafogar o trânsito e contribuir para a diminuição da poluição do meio ambiente. A mobilidade urbana sustentável é um desafio para a implantação de políticas públicas viáveis. Discussões nas esferas do Poder Público apontam para a construção de bicicletários e ciclovias como iniciativas tímidas para dar opções de tráfego aos manauaras e mais segurança aos ciclistas.
Apesar das ações promissoras, a cidade considerada um dos maiores centros urbanos na Floresta Amazônica, ainda não acompanha a tendência mundial de ter a bicicleta como importante meio de transporte, como já acontece em países como Alemanha, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Estados Unidos e Canadá. Segundo a coordenadora do Pedala Manaus, Simone Russo, a estrutura viária de Manaus formada por ruas estreitas dificulta a criação de ciclovias.
Na problemática de espaços destinados aos ciclistas, os amantes da bicicleta continuam se arriscando em meio ao caótico trânsito de Manaus. A criação de novas vias na cidade, como a Avenida das Torres, é apontada pelo grupo como uma das soluções parciais para o problema, mas a alternativa não chegou a ser cogitada pelos engenheiros da obra.
O projeto Faixa Liberada da Prefeitura de Manaus, na Ponta Negra, também é visto como alternativa provisória para os ciclistas manauaras. A Prefeitura estendeu o percurso do bloqueio da via para 2,5km, para garantir mais segurança na hora de pedalar. A proposta de mais espaço para as práticas esportivas e ciclísticas só atende a população nas manhãs de domingo.
A capital ainda não possui nenhuma ciclovia, e todos os projetos de trânsito para a capital amazonense finalizados até este ano não incluem a criação de ciclovias ou ciclofaixas. Os bicicletários também surgem como alternativa para flexibilidade de locomoção, mas ainda estão longe de acompanhar a mobilidade urbana sustentável almejada pelos ciclistas.
Em países mais desenvolvidos, a bicicleta é utilizada por grande parte da população, tanto para atividades cotidianas como em atividades de lazer. Em Manaus, grupos buscam pedalar livremente pela cidade. Na contramão dos riscos, eles também cobram melhorias para esta alternativa de transporte.
Nos últimos dias 19 e 20, o grupo Pedala Manaus realizou o 1º Fórum de Bicicletas Manaus, com discussões sobre esta alternativa sustentável de mobilidade urbana. Entre os temas discutidos, foram destacadas as diretrizes gerais para a estruturação de um programa de incentivo ao uso de bicicletas, os direitos e deveres do ciclista no trânsito, cicloturismo urbano, ciclorrotas e outras opções de tráfego.
Bicicletários
Enquanto as ciclovias não vêm, como forma de incentivo aos ciclistas, faz-se necessária a adequação de locais específicos para estacionamento de bicicletas. Em janeiro deste ano, Manaus inaugurou o primeiro bicicletário. O estacionamento para as ‘magrelas’ conta com 77 vagas e fica no piso g4 do Manauara Shopping.
“A inauguração deste bicicletário é uma marco na história do ciclismo urbano em Manaus. Inaugura não somente vagas para estacionarmos as bikes, mas inaugura uma fase de iniciativas sustentáveis e necessárias para termos uma cidade melhor”, avalia Simone Russo.
Proposta
Um projeto em tramitação na Câmara Municipal de Manaus (CMM) prevê a para a criação de bicicletários em órgãos públicos e privados da cidade. Segundo o autor da proposta, vereador Massami Miki (PSL), o principal objetivo é incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte, e criar condições para que a população utilize o equipamento na cidade de Manaus.
“Esta é uma questão de mobilidade urbana. A cidade cresce a cada dia e precisamos buscar alternativas para reduzir o aquecimento global do planeta. Precisamos desafogar o trânsito caótico. O incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte fica seriamente comprometido em razão da falta de locais adequados para o usuário guardá-la”, destacou o vereador.
Mas, e as ciclovias?
“Algumas ruas de Manaus, como a Avenida das Torres, tem condições de abrigar uma ciclovia, e já existem projetos para a obrigatoriedade de inclusão de ciclovias em novas ruas e avenidas da cidade”, explicou Simone Russo. Para ela, é necessário desenvolver o conceito de mobilidade urbana sustentável como resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação.
Para o vereador Massami Miki, é necessário também dar vez aos transportes não-convencionais já que os motorizados estão entre os maiores causadores de poluição ambiental. “Precisamos proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo e não motorizados de maneira efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável”, finalizou.
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