VLT entra no lugar do BRT em Goiânia

Projeto da capital goiana prevê que os trens do metrô leve estejam circulando em 2014. O futuro VLT deve ter o dobro da capacidade do atual BRT

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Caroline Aguiar  |  Postado em: 02 de abril de 2012

VLT de Goiânia

VLT de Goiânia

créditos: Caroline Aguiar

Depois de mais de 40 anos de implantação, o Bus Rapit Transit (BRT) da avenida Anhanguera, em Goiânia, está com os dias contados. Os 13,5 km de corredores exclusivos para ônibus serão substituídos por um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A licitação para o novo empreendimento está programada para junho e a entrega da obra para 2014. A estimativa orçamentária é de R$ 1,2 bilhões.

 

O VLT terá 12,9 km de extensão e fará a ligação leste-oeste da cidade, entre o Terminal Padre Pelágio e o Terminal Novo Mundo. Os trilhos serão na superfície e passarão exatamente onde hoje está o BRT. Serão apenas dois trechos subterrâneos, na Praça do Bandeirante e no Terminal Novo Mundo. Uma terceira passagem subterrânea está sendo estudada para a Praça A.

 

Atualmente, 220 mil passageiros circulam, por dia, pelo Eixo Anhanguera, numa frota de 91 ônibus, renovada em outubro do ano passado. A estimativa do secretário de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Sílvio Sousa, é de que a capacidade do VLT seja o dobro desse número. “Quando o BRT foi criado, eram 2.200 passageiros por hora no período de pico. Hoje, são 12.400. É um sistema completamente saturado. Alguns bairros goianienses já nascem maiores que cidades do interior. Com o VLT, cada composição vai ter capacidade de mais de 300 passageiros, e atenderá a demanda pelos próximos 15 ou 20 anos”, explica Sousa.

 

Nos horários de pico, o VLT poderá transportar 35 mil passageiros por hora. Atualmente a velocidade média desenvolvida no Eixo Anhanguera é de 16 a 18 km/h. Com o VLT, ela subirá para  25 a 27 km/h, avalia o secretário. Segundo ele: “o VLT não é apenas um projeto de transporte de pessoas, é um projeto complexo de urbanismo e resgate histórico da Anhanguera. Acima de tudo, estamos falando de uma mudança de cultura e um salto de qualidade, confiabilidade, regularidade e segurança. As pessoas se acostumarão com os horários, criando uma cultura de pontualidade também em outros setores”.

 

Segundo o secretário, esta obra na Anhanguera é um projeto piloto que, se bem-sucedido, poderá levar a aumentar sua extensão ou à criação de outras linhas: "Tudo vai depender do sucesso ou não desse projeto inicial", declarou.

 

O especialista em transportes Benjamim Jorge também confia no projeto. “Goiânia precisa urgentemente de um transporte coletivo de massa, e o VLT supre essa necessidade. Na minha opinião, esse sistema poderia se estender de Trindade a Senador Canedo, cidades que fazem parte da região metropolitana”, defende.

 

De acordo com ele, o ideal seria que fosse feito um planejamento de médio a longo prazo que interligasse os 18 municípios da região metropolitana de Goiânia. “Se chegássemos a esse patamar de qualidade, as pessoas deixariam os automóveis em casa e passariam a usar o transporte coletivo”, aposta Jorge.

 

Cronograma e orçamento

 

A primeira fase do empreendimento, que inclui a análise de viabilidade econômica e os projetos conceitual e funcional, está pronta. O projeto básico deveria estar concluído até 30 de março, mas o prazo não foi cumprido, informou ontem (2) a assessoria do secretário de Desenvolvimento. Sílvio Sousa acredita que a parte administrativa e jurídica deve ser organizada em abril para que a primeira audiência pública seja realizada em maio. O cronograma prevê a licitação para junho e o início das obras para agosto. A duração da obra deve ser de 20 meses.

 

O orçamento pode variar entre R$ 1,1 e 1,3 bilhão. O financiamento envolverá verba federal, municipal e privada. A intenção do governo do estado de Goiás é fazer uma parceria público-privada (PPP). Por esse motivo, o secretário acredita que esse orçamento pode diminuir. “Como haverá uma licitação, uma concorrência, as empresas terão o interesse de diminuir esse valor. Quanto menor for a contrapartida do estado prevista na proposta, maior será a chance do proponente de ganhar”, justifica Sousa.

 

Na previsão inicial, o governo federal entrará com R$ 215 milhões, o estado com R$ 450 milhões e a iniciativa privada com R$ 550 milhões. “No mundo todo onde existe esse modo (o VLT), o estado entrou com 56% a 62% da verba. Em Goiânia, esse percentual vai ficar abaixo de 50%”, acrescenta o secretário. O recurso federal é proveniente do PAC Mobilidade Grandes Cidades, no qual Goiânia foi incluída. A cidade será beneficiada com R$ 430 milhões, metade da verba será destinada ao VLT e a outra metade à implantação do BRT norte-sul.

 

De acordo com a Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos do Ministério das Cidades, as propostas apresentadas para esse PAC estão em fase final de seleção, mas a capital goiana já foi escolhida. Os anúncios desses investimentos estão sendo feitos de forma pontual pela presidenta Dilma Rousseff.

 

Enquanto parte da verba do PAC Mobilidade está sendo usada para eliminar um BRT, a outra metade será aplicada na construção de outro. O BRT norte-sul terá 22,7 km de extensão e sairá do Terminal Cruzeiro do Sul. A capacidade será de 12 mil passageiros por hora durante o pico. O orçamento é de R$ 273 milhões, dos quais R$ 215 milhões sairão do PAC Mobilidade. O restante será financiado pela Corporação Andina de Fomento (CAF), Banco de Desenvolvimento da América Latina.

 

Sílvio Sousa defende que, nesse local, o novo BRT é suficiente. “O volume de passageiros no trecho norte-sul é bem menor do que o da Anhanguera. Por isso, não há necessidade de um transporte de massa”, defende o secretário. 

 

Já Benjamim Jorge tem outro ponto de vista. “Goiânia deveria ter pelo menos duas linhas de VLT, a da Anhanguera e a outra poderia ser essa, na norte-sul. A longo prazo esse BRT também ficará saturado e será necessário um projeto de maior porte”, argumenta o especialista em transporte.

 

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