Por Darío Hidalgo, diretor de Pesquisa e Planejamento da EMBARQ e ex-subgerente do TransMilenio
Por fazer parte da equipe que lançou o TransMilenio, realmente, me dói ver a destruição que sofreu. E dói muito mais saber que o TransMilenio esteja prestando um serviço indigno, tendo a possibilidade de voltar a ser um sistema de classe mundial. Por aí deve começar a solução, e toda solução envolve três elementos: decisão política, fundamento técnico e recursos financeiros.
Nós não ouvimos o prefeito Gustavo Petro dizer que está totalmente empenhado em resolver os problemas. Não vimos o Secretário de Governo, a Secretaria de Mobilidade, a diretora do IDU (Instituto de Desenvolvimento Urbano), e o Gerente do TransMilenio S.A. declarando, conjuntamente, que eles vão fazer todos os esforços como administração distrital para melhorar a infraestrutura e o serviço do TransMilenio. Não vimos os operadores privados se comprometendo a fazer a sua parte; em ir um pouco mais além do simples cumprimento de contratos, para o bem dos usuários e de suas empresas. Essa liderança é uma condição necessária.
A solução técnica passa por vários elementos: reformas urgentes das infraestruturas danificadas, especialmente na Av. Caracas; replanejar os serviços com serviços circulares mais curtos nas seções de maior demanda; reconfiguração do uso das estações para não ter tantos serviços em cada porta e reduzir a aglomeração; melhoria do controle operacional para reduzir a superlotação dos ônibus – o que reduz substancialmente a capacidade e a qualidade do serviço; uma melhor coordenação dos semáforos com as necessidades de circulação; ampliação das estações críticas; construção de troncais paralelas para reduzir a carga, especialmente na Caracas; construção de interseções em níveis separados em cruzamentos críticos da Caracas, Calle 13 e Calle 80; e controlar o estacionamento nas rotas alimentadoras, dá-las faixas prioritárias e melhorar seu controle para facilitar a circulação dos ônibus verdes. Apenas trazer ônibus é insuficiente.
Também exige-se a re-educação dos cidadãos e a promoção do que está bom; e é bem-vinda a participação dos próprios usuários nas soluções: construindo, não destruindo. E muito importante: terminar bem a Fase III e iniciar a expansão dos troncais da Av. Boyacá e da Avenida 68, atrasadas já há mais de cinco anos segundo o plano original.
E com relação ao dinheiro, é necessário garantir recursos para planejar e executar essas iniciativas. O plano de desenvolvimento tem alguns recursos garantidos, mas serão suficientes? Também é possível diminuir o custo do serviço licitando a operação de ônibus novos, especialmente, para substituir os da Fase I, que já estão chegando a um milhão de quilômetros. O chamado é para a ação, não só para a discussão. TransMilenio S.A. conhece bem estas questões e tem trabalhado para realizar algumas dessas coisas, mas sem a liderança do próprio prefeito, sem trabalhar em conjunto com Governo, Mobilidade e o IDU, e sem dinheiro não se resolve nada.
Artigo editado originalmente publicado em El Tiempo.
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