Em debates com a sociedade civil, o projeto construiu uma carta aberta listando os principais problemas, como falta de pontualidade, segurança e conforto, além de propostas, como trens para vias principais de ligação e aquisição de ônibus elétricos. O documento foi entregue ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pelo vice-reitor da Universidade de Brasília, João Batista de Sousa, na tarde desta quinta-feira 1º, em encontro que teve a participação de integrantes da sociedade civil, deputados e professores da UnB.
A carta aberta defende uma mobilidade "humanizada, verde, sustentável, acessível, saudável, segura, democrática e inclusiva". "Estamos envolvidos nessa causa por meio de nossos pesquisadores, que se preocupam com a qualidade de vida das pessoas", disse João Batista. A procuradora-geral em exercício Zenaide Couto valorizou a iniciativa da UnB. "Esperamos que se chegue à uma solução à contento do que se espera em relação à concessões de transporte coletivo".
Uma das principais críticas apontadas no encontro foi quanto ao Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal (PDTU), aprovado em maio do ano passado. A professora Maria Rosa Abreu, coordenadora do projeto Cidade Verde, acredita que o PDTU não vai solucionar a questão dos congestionamentos. "Com mais vias, você estimula mais carros. Isso, aliado a um transporte público que não tem integração física, não tem integração tarifária, não tem pontualidade, desestimula o usuário", declarou. "Tem que ter uma mudança de paradigma e esse é um processo que pode ser mais curto se as nossas autoridades pensarem mais a longo prazo", completou.
PROPOSTAS DA CARTA ABERTA
1. Planejamento de transporte intermodal integrado ao planejamento urbano.
2. Eixos/artérias principais atendidos por sistema sobre trilhos - metrô expresso, metrô leve de superfície e trens regionais/metropolitanos.
3. Modais locais e infraestrutura alimentadores das artérias principais: calçadas com acessibilidade universal, rede cicloviária, micro-ônibus e ônibus conectados em integração às estações mais próximas dos bairros/localidades, urbanas e rurais.
4. Rede cicloviária e oferta de bicicletários seguros, nos edifícios públicos e comerciais, nas estações e terminais.
5. Substituição imediata dos veículos do transporte coletivo por veículos verdes.
6. Modelo de operação com regulação e gestão governamentais, com equilíbrio na prestação do serviço por empresa estatal, empresas privadas, de economia social/solidária/transporte familiar, de forma integrada, mediante o imprescindível mecanismo de remuneração justa por linha/km, com limitação do número de linhas por empresa ou grupo empresarial.
7. Recuperação, adequação e implantação de pontos de ônibus e terminais de integração intermodal, com implementação imediata dos terminais de integração Asa Sul e Asa Norte, da estação rodo-metroviária e das estações ferroviárias.
8. Ruas verdes, praças, espaços de convivência aprazíveis, com democratização no acesso dos pedestres, bicicletas e portadores de necessidades especiais aos centros históricos e áreas centrais, assegurando baixas velocidades compatíveis ao convívio dos diferentes modais.
9. Tarifa integrada nas linhas regulares e nas executivas.
10. Transparência e publicização de todos os processos e procedimentos de acordo com as diretrizes de governança (e-government)
11. Participação da sociedade civil mediante mecanismos como audiências e consultas públicas, e assento nos conselhos, com direito a voz e voto.
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