Ciclovias: menos de 2% dos brasileiros moram em ruas com infraestrutura para bicicleta

Roberta Soares, do JCne, analisa dados do censo 2022 do IBGE. Pesquisa constatou que apenas 1,9% da população urbana brasileira mora em ruas com ciclovias

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Fonte: JCne  |  Autor: Roberta Soares/ JCne  |  Postado em: 23 de abril de 2025

Ciclofaixa e calçada acessível em Joinville (SC)

Ciclofaixa e calçada acessível em Joinville (SC)

créditos: Prefeitura de Joinville

Apesar da crise climática mundial e dos discursos políticos sustentáveis, o Brasil continua ignorando a força da mobilidade ativa, a pé e por bicicleta. Menos de 2% da população brasileira reside em ruas e avenidas que têm algum tipo de infraestrutura para pedalar, sejam ciclovias, ciclofaixas ou até mesmo ciclorrotas, que na prática pouca segurança oferecem ao ciclista. Por isso, os brasileiros seguem sofrendo para conseguir usar a bicicleta como transporte.


Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 17/4, mostraram que apenas 1,9% da população urbana mora em ruas com sinalização para transporte de bicicletas. Em números absolutos, significa dizer que apenas 3,3 milhões de moradores das cidades contam com ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas no entorno de suas residências.

 

É importante destacar que a infraestrutura ciclável é o principal requisito para estimular o pedalar, seja como lazer, ou ainda mais como modal de transporte. Diversas pesquisas do setor já apontaram que as pessoas não pedalam mais por medo de circular no trânsito, junto a carros, motos e, principalmente, ônibus e caminhões. As ciclovias e ciclofaixas estão diretamente ligadas à segurança no trânsito.

 

A omissão dos prefeitos, governadores e gestores públicos em relação à infraestrutura ciclável não para por aí. Os dados do IBGE, que fazem parte do conjunto de características urbanísticas do entorno dos domicílios, mostram que a existência de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas não foi sequer registrada em 3.012 municípios pesquisados no país, o que representa mais da metade das cidades brasileiras (5.570).

 

E quando o recorte é feito por regiões, o Sul se destaca. As cinco concentrações urbanas com a maior proporção de moradores em ruas e avenidas com algum tipo de sinalização para bicicletas estão todas no estado de Santa Catarina: Joinville (11,2%), Jaraguá do Sul (9,8%), Itajaí (7,2%), Florianópolis (7,1%) e Blumenau (6,8%). Concentrações urbanas, conforme o IBGE, são municípios isolados ou arranjos populacionais que tenham mais de 100 mil habitantes.

 

Comparando municípios com mais de 100 mil habitantes, Balneário Camboriú (SC) lidera na proporção de pessoas com sinalização em suas ruas, com 14% de seus 138.653 residentes atendidos por ciclovias. Entre as metrópoles, São Paulo (SP) tem somente 3,7% de seus moradores (422.492) em vias com essa estrutura. Já a pequena cidade de Abdon Batista (SC), com 1.171 residentes, tem um terço deles morando em ruas sinalizadas para bicicletas.


Entre as unidades da federação, o índice mais elevado alcançou 5,2% em Santa Catarina, seguido de estados de todas as regiões do país como Distrito Federal (4,1%), Ceará (3,2%), Amapá (3,1%) e Rio de Janeiro (2,5%), revelando uma diversidade de padrões no território. Os menores percentuais foram levantados no Maranhão e Amazonas, ambos com 0,5%.


*Texto originalmente publicado no JCne com o título "Ciclovias: menos de 2% da população brasileira reside em ruas com infraestrutura para bicicleta". Editado por Mobilize Brasil.


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