Ônibus de São Paulo, entre o gás e a eletricidade

Gestão Nunes descarta frota elétrica em 2028, alegando ser "impossível", e propõe ônibus a gás natural. Fabricantes de elétricos rebatem os argumentos da prefeitura

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Fonte: Prefeitura de SP / Abrave / NTU  |  Autor: Regina Rocha / Mobilize Brasil  |  Postado em: 12 de fevereiro de 2025

Transcaribe, o BRT a gás natural de Cartagena

Transcaribe, o BRT a gás natural de Cartagena, na Colômbia

créditos: Transcaribe

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), declarou na manhã de ontem (11) em evento à imprensa que a troca dos ônibus da cidade por veículos elétricos "é uma proposta impossível". Afirmou ainda que sua gestão não garante que cumprirá a meta de entrega de 50% dos 13 mil coletivos por veículos não poluentes até 2028, como determina a Lei 16.802/2018.  

 

"(...) Não adianta a gente trabalhar com uma situação utópica, que não vai se realizar, porque não vai ter ônibus elétrico para vender, não vai ter infraestrutura para carregar bateria", disse Nunes. Segundo o gestor, em primeiro lugar por não haver infraestrutura bastante de fornecimento de energia para recarga dos veículos elétricos, e também porque a indústria atual no país não é capaz de atender à demanda da cidade por tais ônibus.

 

À noite, veio a resposta do setor. Reunidos na Associação Brasileira do Veículo Elétrico, os empresários criticaram e rebateram os argumentos do prefeito. Em nota, os atuais fabricantes que atuam no Brasil informaram que podem produzir 9.920 mil unidades em 2025 e chegar a 25 mil coletivos elétricos por ano em 2028. O documento é assinado pelas empresas BYD, Eletra, Giaffone, Higer e Marcopolo.  

 

Gás natural
A ideia transmitida por Nunes aos jornalistas nesta terça-feira (11), de uma possível renovação da frota por veículos movidos a gás natural (GNV), vem sendo ventilada desde o ano passado. Um projeto apresentado pelo governo no finzinho de dezembro contou com a adesão dos vereadores aliados na Câmara Municipal. Depois de aprovado, no dia 15 de janeiro foi dada a sanção do prefeito. Entre outras alterações, o texto elimina a meta de renovar 50% da frota por veículos não poluentes, e inclui a permissão para que os ônibus possam ser substituídos por veículos movidos a gás natural. Ainda em dezembro, o Psol entrou com uma ação de inconstitucionalidade, o que resultou em uma liminar da Justiça no dia 6 de fevereiro, tendo como relator o desembargador Mário Devienne Ferraz.


Por fim, na coletiva desta terça-feira (11) o prefeito informou também que a Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas estuda a viabilidade do uso desse combustível na frota, do ponto de vista ambiental. E que sua gestão pretende convencer a Justiça das dificuldades encontradas para renovar a frota de ônibus com modelos elétricos e para implantar a infraestrutura de recarga na capital paulista.


Em tempo: no final de 2024, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgou um documento em que reclamava da "pressão que o setor vinha sofrendo para a adoção dos veículos elétricos". Como alternativa, sugeria a adoção de outras opções, como os biocombustíveis, o gás biometano e mesmo o diesel em sua versão Euro 6, menos poluidora.


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