Trabalho da NTU questiona pressa na adoção de ônibus elétricos

Relatório da associação de empresas de ônibus mostra difculdades para eletrificação da frota e aponta alternativas nos biocombustíveis

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Fonte: Mobilize Brasil / NTU / EBus Radar  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 13 de dezembro de 2024

Ônibus diesel padrão Euro 6: opção aos elétricos?

Ônibus diesel padrão Euro 6: opção aos elétricos?

créditos: Beth Santos/Prefeitura do Rio

Na mesma semana em que a Câmara Municipal de São Paulo discutia uma proposta para adiar mais uma vez o cronograma para a troca dos ônibus diesel por veículos elétricos, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgava um documento com informações relevantes sobre a evolução da frota nacional de ônibus para motores com baixas emissões. No texto de apresentação assinado pelo diretor Francisco Christovam, a associação apontava "a pressão que o setor sofre para adotar veículos elétricos".


A conclusão mais destacada no texto da NTU indica que os cerca de 107 mil ônibus urbanos que circulam no Brasil jogam na atmosfera somente 0,8% do total de gases de efeito estufa gerados no país. O cálculo, segundo a entidade, foi baseado em informações do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases (Seeg 2023), do Observatório do Clima. O dado, em princípio, parece indicar que a atual frota diesel não seria assim tão prejudicial ao ambiente como apregoam os defensores da transição elétrica.


No texto de apresentação, a NTU debate "a pressão que o setor vem sofrendo para a adoção dos veículos elétricos", especialmente por conta dos compromissos internacionais de redução de emissões de gases firmados pelo país. "Precisamos de um plano que garanta uma transição gradual da matriz energética, considerando a capacidade do setor e a utilização de outros tipos de combustíveis", afirma Francisco Christovam, diretor executivo da NTU. Como alternativa, a associação de empresas sugere a adoção de soluções, que incluem os biocombustíveis, como o biodiesel, o biometano e mesmo o diesel em sua versão Euro 6, menos poluidora.



Em sua análise, toma como exemplo o caso de São Paulo, que fixou em 2008 a meta de chegar ao final de 2024 com pelo menos 20% de sua frota eletrificada, o que significaria mais de 2 mil ônibus elétricos. Os dados da plataforma E-Bus Radar indicam que a cidade tem hoje 460 coletivos elétricos, incluindo os trólebus, e que portanto não atingirá a meta em 2024.


Olhando o Brasil, o estudo aponta que o pais tem 420 ônibus elétricos a bateria e não considera os 302 trólebus em operação, conforme os dados do E-Bus Radar. Os dados dessa plataforma indicam que o país conta atualmente com um total de 686 ônibus urbanos elétricos, ainda assim um número muito abaixo dos 107 mil da frota total.


A pesquisa abordou ainda o PAC da Mobilidade Urbana - Renovação da Frota, iniciativa do governo federal para investir R$ 9,8 bilhões na compra de  2.296 ônibus elétricos e 3.015 ônibus a diesel padrão Euro 6. Segundo a NTU, um total de 98 municípios em 20 estados tiveram suas propostas aprovadas e selecionadas para receber os 5.311 ônibus. O trabalho também traz dados sobre a idade média da frota nacional de ônibus urbanos, hoje em torno de seis anos e cinco meses, embora mesmo nas maiores cidades do país, ainda circulem ônibus bem mais velhos e com padrões de motorização Euro 3 ou Euro 4.


Opinião do Mobilize
Mas, voltando ao início do texto, do ponto de vista dos usuários e moradores das cidades brasileiras, os 0,8% de emissões de gases de efeito estufa (GEE) não expressam o impacto real que a circulação dos ônibus diesel  projeta no ambiente urbano. Além dos GEE, há o perigoso material particulado fino, com menos de 2,5 mícrons, que invade os pulmões e até a corrente sanguínea das pessoas. E, como todos sabem, os ônibus diesel são muito ruidosos, gerando forte impacto acústico nas cidades.


No entanto, mesmo com os atuais 100 mil ônibus poluidores, a circulação desses coletivos "velhinhos" é muito menos prejudicial ao ambiente urbano do que os milhões de automóveis e motocicletas que invadem diariamente as ruas do país. No futuro, um caminho talvez mais virtuoso seja a substituição das linhas de ônibus estruturais por trilhos urbanos para conduzir VLTs elétricos, mais seguros e confortáveis. Mas isso é outra história.


Conheça e leia o documento da NTU em ntu.org.br

 
 


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