Vim a Afuá para aprofundar meus conhecimentos sobre a cultura da bicicleta. Já tinha planos de conhecê-la há alguns anos, mas além da quantidade de bicicletas, o calor humano me impressionou bastante. O fato de a cidade não ter carros circulando (nem um sequer!) deve contribuir para o alto astral. Sem motor, sem barulho nem estresse. Eu e a Roni conhecemos muitas pessoas e papeamos bastante nos quatro dias da visita.
A cidade é um encanto, com suas casas coloridas e os moradores sorridentes, de braços abertos (literalmente) para receber. Demos sorte de passar o domingo do Círio, com procissão fluvial, quando a cidade fica tomada pelos devotos na celebração da Nossa Senhora da Conceição.
Bicicletas e mais bicicletas para passeio, trabalho e também para o comércio local Foto: Uirá Lourenço
Sou paraense, nascido em Belém, e me envergonho de ter levado tanto tempo para conhecer esse tesouro na Ilha do Marajó. Visitei Amsterdã e outras cidades holandesas em três ocasiões, atraído pela famosa cultura da bike, e deixei Afuá para depois. Como desculpa, lembro que é muito mais fácil chegar a Afuá por Macapá (AP) do que por Belém.
Um detalhe interessante, que faz toda a diferença: as ruas são na verdade ciclovias (calçadas compartilhadas) suspensas por palafitas. O efeito da maré e os meses mais chuvosos fazem com que a cidade se adapte ao ritmo das cheias. Visitamos em período seco e fiquei curioso de ver a cidade tomada pelas águas. Além da ausência dos motores, Afuá tem outros atrativos. As casas coloridas são um charme e as edificações que abrigam os órgãos públicos são bem cuidadas, assim como as praças e os banquinhos ao longo das ruas. Não se veem pichações.
Bicicletas em volta de escola: alunos e professores chegam pedalando para as aulas Foto: Uirá Lourenço
Vou falar das pessoas para depois voltar às bikes. Os moradores de Afuá acolhem muito bem, sorriem e dão dicas mesmo antes de você pedir. Foi assim que conhecemos o Elival (apelidado de Ceará), que tem uma banquinha de sorvete e também vende água mineral de bicicleta. Ele nos chamou enquanto andávamos, nos deu dicas de lugar para visitar e nos apresentou ao Sarito, radialista conhecido na cidade. Como é uma cidade pequena em que todos se conhecem, você será prontamente identificado como turista.
Um passeio imperdível é ver a Muralha, uma sumaúma (samaumeira, espécie de árvore amazônica) grande com raízes bem avantajadas, um verdadeiro espetáculo da natureza. É preciso pegar um barco para atravessar e ir até o outro lado do rio. Aproveitamos para nos refrescar com um banho no riozão. Eu já tinha visto grandes sumaúmas e a do Museu Goeldi, em Belém, tinha sido a mais impressionante até então.
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