Salvador interrompeu 85 vezes o transporte público em um ano

Estudo revela que problemas na segurança impactaram 30 bairros de maioria negra da capital baiana. Pessoas ficaram sem ônibus por 13 dias, ou 316 h, entre 2023 e 2024

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Fonte: Mobilize Brasil/ Observatório da Mobilidade  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 12 de novembro de 2024

Passageiros em Mussurunga pedem por transporte mel

Passageiros em Mussurunga pedem por transporte melhor

créditos: Adriane Rocha/Portal Umbu

Foram ao menos 85 interrupções verificadas, no período de um ano (2023 a 2024), no serviço de transporte público da cidade de Salvador, motivadas por eventos ligados à segurança. 

 

A conclusão é de um levantamento inédito divulgado ontem (11), realizado a três mãos pelas organizações: Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Observatório da Mobilidade de Salvador e Instituto Fogo Cruzado.

 

O estudo revelou que foram 316 horas de interrupção no serviço, o equivalente a 13 dias sem acesso à mobilidade urbana. E que 30 bairros, majoritariamente habitados por pessoas negras, foram afetados pelas interrupções.

 

Nesse estudo, a conclusão foi que o bairro mais afetado pelas interrupções dos coletivos foi Mussurunga, com 14 dias de suspensão total ou parcial da frota de ônibus, além de um recorde de 7 dias seguidos sem a oferta do serviço. 

 

Segundo os pesquisadores, os números são preocupantes e refletem os desafios enfrentados pela população negra em Salvador no que diz respeito à mobilidade urbana e segurança. Assim, destacam como sendo da maior importância a adoção pelo Estado de políticas públicas mais inclusivas e eficazes.

 

Para o arquiteto Daniel Caribé, do Observatório da Mobilidade de Salvador, "a suspensão temporária do serviço de transporte público por conta de conflitos armados em bairros populares e negros de Salvador também tem que ser vista como um problema de mobilidade urbana, pois provoca imobilidade temporária ou obriga as pessoas a caminharem longas distâncias para ter acesso ao serviço (...)". Ele acrescenta: "Outros, sem alternativa, recorrem ao transporte irregular, aos mototáxis ou aos aplicativos. Tudo isso corrói a renda dessa população já vulnerável, rouba tempo de vida e tira o acesso a outros direitos, como educação, saúde, lazer e trabalho”, conclui.

 

Clique aqui para acessar na íntegra o estudo "Catraca Racial: o impacto da segurança pública na mobilidade urbana da capital da Bahia". 

 

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