Foram ao menos 85 interrupções verificadas, no período de um ano (2023 a 2024), no serviço de transporte público da cidade de Salvador, motivadas por eventos ligados à segurança.
A conclusão é de um levantamento inédito divulgado ontem (11), realizado a três mãos pelas organizações: Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Observatório da Mobilidade de Salvador e Instituto Fogo Cruzado.
O estudo revelou que foram 316 horas de interrupção no serviço, o equivalente a 13 dias sem acesso à mobilidade urbana. E que 30 bairros, majoritariamente habitados por pessoas negras, foram afetados pelas interrupções.
Nesse estudo, a conclusão foi que o bairro mais afetado pelas interrupções dos coletivos foi Mussurunga, com 14 dias de suspensão total ou parcial da frota de ônibus, além de um recorde de 7 dias seguidos sem a oferta do serviço.
Segundo os pesquisadores, os números são preocupantes e refletem os desafios enfrentados pela população negra em Salvador no que diz respeito à mobilidade urbana e segurança. Assim, destacam como sendo da maior importância a adoção pelo Estado de políticas públicas mais inclusivas e eficazes.
Para o arquiteto Daniel Caribé, do Observatório da Mobilidade de Salvador, "a suspensão temporária do serviço de transporte público por conta de conflitos armados em bairros populares e negros de Salvador também tem que ser vista como um problema de mobilidade urbana, pois provoca imobilidade temporária ou obriga as pessoas a caminharem longas distâncias para ter acesso ao serviço (...)". Ele acrescenta: "Outros, sem alternativa, recorrem ao transporte irregular, aos mototáxis ou aos aplicativos. Tudo isso corrói a renda dessa população já vulnerável, rouba tempo de vida e tira o acesso a outros direitos, como educação, saúde, lazer e trabalho”, conclui.
Clique aqui para acessar na íntegra o estudo "Catraca Racial: o impacto da segurança pública na mobilidade urbana da capital da Bahia".
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