A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo (GCM) arrastou e deteve a arquiteta, jornalista, cicloativista e vereadora eleita Renata Falzoni.
A vereadora recém-eleita pelo PSB participava de um protesto de moradores na região da avenida Sena Madureira, na zona sul da capital, contra a derrubada de um renque de árvores, algumas centenárias, para a construção de túneis na área próxima ao Parque do Ibirapuera.
A obra é uma iniciativa da gestão do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB), e tem sido questionada pela população paulistana por se tratar de mais uma infraestrutura para a circulação de automóveis, em evidente contradição com a visão contemporânea de mobilidade urbana.
Além do anacronismo do projeto, que contraria as orientações da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12), a construção está provocando o despejo de dezenas de famílias de baixa renda que habitam a área há décadas.
Quando participava do protesto, Renata Falzoni decidiu saltar o tapume da obra e agarrar-se a uma das árvores prestes a ser cortada. A vereadora, ainda não empossada, foi arrastada pelos policiais e detida, em evidente desrespeito às pessoas que acompanhavam o ato.
Obra para automóveis
A população foi pega de surpresa pelo início das obras: o projeto, de 2011, havia sido suspenso pela Justiça em 2013, mas foi retomado agora, sem aviso prévio. O canteiro de obras começou a ser implantado no dia 16 de setembro para a construção de dois túneis, com um total de 1,65 km de extensão, ao custo de R$ 531 milhões. A Prefeitura argumenta - como sempre - que uma vez concluído, "o túnel vai melhorar a fluidez do trânsito com a redução dos congestionamentos e dos tempos de deslocamento". Em tempo: o complexo não prevê pistas para ônibus do transporte público.
MPSP pede que obras sejam paralisadas
Na mesma tarde desta quinta-feira, o Ministério Público de São Paulo emitiu um documento para que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) "paralise, imediatamente, as obras" do sistema de interligação da rua Sena Madureira com a avenida Ricardo Jafet (zona sul). No documento, divulgado pela Folha de S.Paulo, os promotores Moacir Tomani Junior (de habitação e urbanismo) e Carlos Henrique Prestes Camargo (de meio ambiente) dizem que a retomada da obra ocorreu de forma abrupta, afetando a população.
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