Em reunião realizada, na quarta-feira (23), o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT) e a direção da Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles (CAF), definiram que as composições do VLT do Subúrbio de Salvador terão carros adaptados para as viagens das trabalhadoras marisqueiras. A mariscagem é uma atividade tradicional de mulheres que vivem nos subúrbios de Salvador e que se deslocam até o centro da cidade para vender os moluscos colhidos nas praias da Baía de Todos os Santos.
O acordo completa a operação de compra dos veículos do VLT de Cuiabá. Ao longo desta semana, os carros do VLT começaram a chegar à unidade da CAF, fabricante do equipamento, em Hortolândia (SP), para realização de testes estáticos e restabelecimento técnico e operacional. Os estudos de adaptação para as marisqueiras também serão feitos e implementados no processo de revisão. As composições adquiridas pelo governo da Bahia estavam estacionadas em um pátio de manobras em Várzea Grande (MT) desde 2014, quando o governo de Mato Grosso desistiu de concluir o projeto do VLT.
Agora, além das adaptações para o transporte dos mariscos, os carros receberão algumas atualizações tecnológicas. “É um trem super atual, considerado o estado da arte em termos tecnológicos, e tudo que tiver sido melhorado será incorporado. As composiçõs que serão recebidos pela Bahia, terão as mesmas condições de trens novos, características idênticas de operação e manutenção”, explicou Renato Meireles, diretor-presidente da CAF Brasil.
A previsão é de que os 40 VLTs comecem a ser enviados de Hortolândia para Salvador no segundo semestre de 2025. Os veículos terão capacidade para o transporte de 400 passageiros – 77 lugares sentados e 323 lugares em pé –, acessibilidade e sistema de proteção contra colisão e atropelamentos. A expectativa é de que até 2028 todos as composições estejam em operação. A implantação do novo sistema de transporte teve mais um avanço em setembro passado, com o desembarque dos primeiros carregamentos de trilhos no canteiro de obras do bairro da Calçada, nas proximidades do Plano inclinado Liberdade-Calçada. Ao todo, as carretas fizeram o transporte de 369 barras de trilhos para a capital baiana.
O novo VLT
O sistema de transportes ocupará o leito do antigo "Trem do Subúrbio", ferrovia tradicional que ligava o centro da capital soteropolitana a bairros e municípios próximos, banhados pela águas da baía. Essa desativação do ramal ferroviário prejudicou milhares de usuários que o utilizavam com uma tarifa baixa (R$ 0,50), a despeito dos problemas operacionais que interrompiam a circulação do trem.
Trem do Subúrbio, quando ainda circulava às margens da Baía de Todos os Santos Imagem: ObsMobSalvador
O trem seria substituído por um sistema de monotrilho da SkyRail, empresa ligada ao grupo chinês BYD, mas as obras foram interrompidas por dificuldades nas negociações de reajustes de contrato. A proposta original, de 2018, previa um investimento de R$ 900 milhões, depois elevado para R$ 1,2 bilhão, mais tarde R$ 1,5 bilhão, R$ 1,8 bi e R$ 5,2 bilhões. Além do aspecto financeiro, o projeto do monotrilho foi alvo de muitas críticas de especialistas em transportes e de associações de moradores da região, os quais avaliavam que a construção das estruturas elevadas prejudicaria a visão do mar e de algumas construções históricas lá existentes.
O "novo" VLT, agora com trilhos no solo, teve autorização para o início das obras em junho de 2024. Em julho, houve a oficialização da compra de equipamentos elétricos e de quarenta composições com o governo de Mato Grosso, que ofereceu desconto de 37,5% em cada VLT. A previsão é de que os primeiros testes tenham início em 2026. O projeto abrange três trechos de trilhos, da Ilha de São João a Calçada, de Paripe a Águas Claras e de Águas Claras a Piatã. No total, o percurso será de 36,3 quilômetros, com 34 paradas.
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