A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) encaminhou hoje (23) uma nota ao Mobilize Brasil, na qual procura responder a uma série de questionamentos sobre as recentes mortes de ciclistas no trânsito da cidade.
Foram quatro pessoas atropeladas quando circulavam de bicicleta em um período de dez dias, o que motivou uma série de protestos e um manifesto iniciado pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo). Conforme estudo realizado pela organização recifense, "a capital pernambucana mais que dobrou os registros de colisões, quedas, atropelamentos e outros tipos de sinistros no trânsito com vítimas entre 2022 e 2024".
Na resposta, a CTTU argumenta que "o manifesto da Ameciclo possui informações incompatíveis com dados oficiais consolidados (...) nos Relatórios Anuais de Segurança Viária do Recife, (...) sobretudo no que se refere aos números de mortes no trânsito e à extensão da infraestrutura cicloviária."
A nota da CTTU cita ainda os dados preliminares registrados pelo Comitê Municipal para Redução de Acidentes de Trânsito (Compat), que confirmam um aumento de mortes de trânsito, mas em um patamar inferior ao citado no manifesto da Ameciclo: foram 35% mais mortes entre 2022 e 2023; destes, 48% eram motociclistas, 32% estavam a pé e 7% circulavam com bicicletas.
Opinião do Mobilize
Esse crescimento da sinistralidade evidencia certo desmazelo que tomou as ruas em várias capitais e cidades médias do Brasil, especialmente após o final da pandemia de Covid 19. A percepção é que, de um lado, temos motoristas mais displicentes ou agressivos, e de outro governos municipais, estaduais e federal complacentes. O resultado são bem conhecidos pelos amigos e familiares das mais de 33 mil pessoas que perderam a vida nas ruas e rodovias do país.
A nota protocolar da assessoria de imprensa da CTTU veio em resposta a um pedido do Mobilize Brasil de entrevista com diretores da autarquia, tal como já fizemos em outras oportunidades para destacar o bom trabalho realizado na cidade. Lembramos, porém, que algumas reivindicações antigas de moradores, como a implantação de uma ciclovia na Avenida Caxangá, nunca foram atendidas.
O Recife, assim no masculino, como dizem os recifenses, tem uma história marcada pela presença holandesa no século 17. Tem dois belos rios que cortam o centro da cidade e há também muitas pontes, como em Amsterdã. E, o mais importante, tem um prefeito reeleito, com muita popularidade. Uma cidade mais calma e acolhedora é possível e necessária. Basta que o prefeito a queira.
Clique e leia a íntegra do documento da CTTU (em formato PDF)
* Nota: Em 2016, no Dia do Ciclista, ativistas recifenses vestidos com uniformes de trabalhadores realizaram uma ação na avenida Caxangá simulando o início de obras para a implantação de ciclovia na via, uma das mais longas e importantes do Recife.
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