Fabricantes de automóveis de todo o mundo buscam vender seus carros elétricos para o consumidor final, sugerindo a troca do veículo movido por energias fósseis pelos novos modelos elétricos e híbridos. A proposta pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa e também os poluentes que afligem as populações das cidades. Mas, como já se sabe, as vias urbanas são insuficientes para abrigar esses milhões de novos automóveis. O problema é, simplesmente, de espaço.
Mas, um setor da indústria de elétricos está optando por uma alternativa elétrica mais racional: o transporte coletivo, com novos modelos de ônibus movidos a bateria. Essa onda é mais evidente na China e na Europa, mas também chegou com força às cidades latino-americanas, que já contam com quase 6 mil elétricos fabricados por empresas como a BYD, Foton, Yutong, King Long, Zhongtong Bus, Sunwin, Powertronics, Tevx Higer e Trizar, além da brasileira Eletra.
Florianópolis (SC), por exemplo, está testando um novo modelo de ônibus elétrico produzido pela empresa chinesa Tevx Higer, uma das maiores montadoras de coletivos elétricos do mundo. O veículo tem capacidade para transportar até 76 passageiros e funciona com um banco de baterias de 385 kWh que pode ser recarregado em até 3 horas. O ônibus tem autonomia média de 300 km, limite que pode ser aumentado, graças ao sistema de freios regenerativos, que carrega as baterias a cada frenagem.
A operação está sendo realizada pelo Consórcio Fênix, que ofereceu um treinamento aos motoristas para operar o veículo. “Por enquanto é um teste. Recebemos recentemente um aporte do PAC para adquirir ônibus elétricos e o processo está em aprovação na Câmara de Vereadores, explica o secretário de Transportes e Infraestrutura, Rafael Hahne. O ônibus oferece conexão wifi, tomadas para recarga de celulares, ar-condicionado com saídas de ar individuais e vidros com tratamento UV, para maior conforto térmico.
O veículo é construído em monobloco, um padrão de engenharia que proporciona maior rigidez estrutural, eficiência energética e redução de peso em comparação com veículos montados com chassi e carroceria. Conta com piso baixo total, sistema de "ajoelhamento" da suspensão, área para cadeira de rodas com assento dobrável e rampa de acesso que facilita o embarque e desembarque de passageiros.
Outras cidades
Os ônibus da EVX Higer também estão sendo testados em outras localidades do país, como Belém (PA), Campinas (SP), Curitiba (PR), Salvador (BA), São José dos Campos (SP) e em Cascavel, no Paraná.
Ônibus da Higer em Campinas (SP) Foto: Divulgação Pref. de Campinas
Talvez pela proximidade com a usina de Itaipu, a cidade de Cascavel tem sido um dos melhores exemplos de experimentação de energia elétrica para a mobilidade urbana no Brasil. Lá, desde agosto passado, estão em operação quinze ônibus elétricos, que são alimentados em um eletroterminal de energia fotovoltaica. A cidade conta também com dois pontos de recarga que permitem o recarregamento das baterias com os ônibus em movimento. A energia gerada pela usina fotovoltaica é suficiente para abastecer toda a frota elétrica, e o excedente é utilizado para compensar outras unidades consumidoras do município.
Ônibus elétricos circulando em faixa exclusiva na cidade de Cascavel (PR) Foto: Pref. de Cascavel
A experiência é tão relevante que em setembro, Cascavel recebeu uma comitiva chilena de representantes de empresas chilenas que operam ônibus a bateria mas desejavam conhecer o modelo de eletromobilidade integrado da cidade. Vale lembrar que o Chile conta com a maior frota de coletivos elétricos após a China.
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