Paulistanos respiram ar 13 vezes pior que o padrão da OMS

RMSP teve hoje (9) o ar mais poluído entre cem metrópoles monitoradas por instituição suíça. Situação exigiria ação imediata das autoridades, avalia especialista

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Fonte: IQ Air / Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil*  |  Postado em: 09 de setembro de 2024

Vista de São Paulo ontem (9) a partir do Alto de S

Vista de São Paulo ontem (9) a partir do Alto de Santana

créditos: Mobilize Brasil

A Região Metropolitana de São Paulo tem desde ontem (9) o ar mais poluído entre cerca de cem grandes cidades do mundo, conforme dados divulgados pela agência suíça IQAir. A capital paulista lidera esse ranking mortal, com uma concentração de poluentes 13,3 a 14 vezes  maior do que a aceita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) frente das cidades como Lahore, no Paquistão, e Kinshasa, na República Democrática do Congo. A agência mostra, em tempo real, a qualidade do ar considerando a presença de vários poluentes. 


Na verdade, conforme o mapa da IQAir, uma das regiões mais poluídas das Américas está entre a Amazônia e o Pantanal, afetando cidades como Porto Velho, Rio Branco, Corumbá e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Mas a presença de queimadas em vários pontos nos estados de Minas Gerais e São Paulo, associada à direção dos ventos, concentram os poluentes nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. 


Na RMSP a concentração é agravada em função do tráfego intenso de seus 12 milhões de veículos movidos a combustíveis fósseis. Para os ônibus do transporte coletivo há planos de gradativa substituição dos veículos diesel por elétricos, mas esse cronograma está muito atrasado. A Prefeitura de São Paulo tem a meta de "carbono zero" no sistema de transporte público até 2038, prevendo-se a renovação de 2.400 ônibus até o final de 2024. Mas apenas 180 ônibus com emissão zero foram colocados em circulação na cidade.



Poluição em SP nesta terça-feira (10): condição 14 vezes pior que o padrão da OMS



Crise pede ações emergenciais
O especialista Carlos Bocuhy, do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), avalia que a situação de várias cidades brasileiras já exigiria ações imediatas das autoridades.

Em primeiro lugar, lembra Bocuhy, "os padrões de qualidade do ar no Brasil estão completamente defasados. O Proam já pediu que o Conama ajuste esses padrões aos recomendados pelas instituições internacionais de saúde, mas a resposta do Conselho tem sido insatisfatória. Infelizmente, o Brasil tem prazos muito lenientes, que levarão o país a atingir os padrões da OMS somente depois de 2050. O Brasil está muito atrasado nas políticas de contenção da poluição, inclusive em relação ao material particulado PM 2,5 e PM 10", que atinge os pulmões e até a circulação sanguínea.


Além desses padrões estarem defasados, Bocuhy afirma que os parâmetros para a decretação de estados de "atenção" e de "emergência" pelas autoridades seguem uma tabela de 2005, que também está inteiramente defasada em relação àquilo que a ciência médica preconiza.


Numa situação como esta de São Paulo, os governantes deveriam adotar medidas semelhantes às de outras metrópoles mundiais, como faz Paris: proíbe a circulação de veículos a combustão, abre o metrô para viagens gratuitas e estabelece feriados, para reduzir a pressão sobre os sistemas de transportes.


No caso da fumaça, dos poluentes PM 2,5 e PM 10, seria importante que os governantes de São Paulo fizessem uma ampla campanha para que a população use máscaras, medida que já deveria ter sido adotada em todas as cidades do interior do Brasil que sofreram e ainda sofrem com as queimadas. "Resumindo, falta um padrão de qualidade do ar mais exigente, faltam gatilhos para o acionamento de medidas emergenciais e faltam campanhas dos órgãos públicos para que a população saiba como se proteger", adverte Carlos Bocuhy.

* Conteúdo atualizado dia 10/9, às 9h30

 

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