Quando os organizadores do Grande Prêmio dos Países Baixos anunciaram, em 2019, o objetivo de fazer o evento automobilístico sem o uso de carros para acesso ao autódromo de Zandvoort, eles foram ridicularizados.
Todos diziam que isso seria impossível. Mas foi possível. A pequena localidade de 12 mil habitantes próxima a Amsterdã não queria mais sofrer com os congestionamentos gerados pelos automóveis dos torcedores.
E embora uma corrida de F1 seja um lugar improvável para uma revolução no transporte sustentável, as 110 mil pessoas/dia que compareceram ao evento, no dia 25 de agosto, foram simplesmente proibidas de chegar de carro. Para isso, os organizadores executaram um plano de mobilidade integrado que teve um resultado surpreendente: 98% dos torcedores chegaram a Zandvoort a pé, de bicicleta ou em transporte público. A estratégia foi ajustada a cada dia em resposta às mudanças climáticas, demanda e outros fatores externos.
Os planejadores temiam que os fãs se recusassem a pedalar longas distâncias com vento e chuva. Mas, ficaram agradavelmente surpresos: apesar do vento, do frio e da areia das dunas, todas as 45.000 vagas de estacionamento de bicicletas foram ocupadas em todos os dias do evento e a viagem até Zandvoort se tornou uma parte social e agradável da experiência do dia da corrida. Até mesmo pilotos e membros das equipes passaram a circular pelo autódromo usando bicicletas de compartilhamento.
Afinal, mudar o mundo sempre parece impossível até que as pessoas decidam fazê-lo.
Ah sim: o piloto Lando Norris, da McLaren, venceu o GP da Holanda.
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