O genial Gilberto Gil cantou o verbo em sua "Tradição", aquela música que conta a história da "garota do Barbalho que tinha um namorado inteligente...", lá na Salvador dos anos 1950.
No documentário Tempo Rei, Gil explica em palavras e gestos que pongar e despongar do bonde era simplesmente subir ou saltar do veículo em movimento, caindo em pé com firmeza. E lembra que o "rapaz que ela namorava" era um certo Ilton, de origem árabe, que já circulava com calças e penteados americanos pelo Largo do Terreiro "para onde todo mundo ia".
O que Gil não diz é que a rede de bondes era operada pela Companhia Linha Circular de Carris da Bahia- hoje desativada e esquecida - e fazia conexões com os elevadores da cidade: o Lacerda, mais famoso de todos, o Taboão, o Plano Inclinado Gonçalves, o Plano Inclinado Pilar e o Plano Inclinado Liberdade-Calçada, o mais novo de todos, inaugurado em 1981. Assim, os passageiros podiam "despongar do bonde", descer para a parte baixa da cidade em um dos elevadores e seguir, lá embaixo, com outro bonde.
Agora, com o aval dado na segunda-feira (20) pela Assembleia Legislativa da Bahia para que o governo estadual possa comprar as composições do futuro VLT do Subúrbio, é possível que a cidade volte para os trilhos. Mas, pongar e despongar, nunca mais...
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