Bicicletas vão invadir Brasília. E Ana Carboni conta tudo, em detalhes

Em setembro, a capital federal vai sediar o Fórum Mundial da Bicicleta e o Festival Bicicultura. Leia a entrevista e veja a programação dos dois eventos

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 08 de agosto de 2024

Ana Carboni, dois eventos em defesa da bicicleta

Ana Carboni, dois eventos em defesa da bicicleta

créditos: Arquivo pessoal


Entre os dias 4 e 8 de setembro, a capital do país, Brasília, vai receber dois grandes eventos de estímulo ao uso da bicicleta como transporte e lazer nas cidades: o 13º Fórum Mundial da Bicicleta e o 11º Bicicultura.
 

Para entender melhor os objetivos dos eventos e conhecer a programação, que acaba de ser divulgada, entrevistamos a ativista Ana Carboni, da organização Roda da Paz e conselheira da União dos Ciclistas do Brasil (UCB). Com longa trajetória na defesa da bicicleta nas cidades, em movimentos como o Massa Crítica e Bike Anjo, Ana trabalha atualmente no projeto Vias Seguras, da UCB. Esse traalho foi responsável pelo desenvolvimento do Projeto de Lei 2789/2023, em tramitação na Câmara dos Deputados, que altera os critérios para a definição das velocidades nas vias urbanas e também propõe a fiscalização pela velocidade média do veículo. 

 

Bicicultura e Fórum Mundial da Bicicleta. Serão dois eventos simultâneos?
Em 2022, quando participava do Bicicultura de Belém, surgiu a oportunidade de trazer o encontro para Brasília. Eu olhei para a Renata Aragão, que na época estava da direção da Rodas da Paz, ela topou e assumimos o desafio. No mesmo ano, durante o 11 º Fórum Mundial da Bicicleta, que acontecia na Colômbia, surgiu a intenção de trazer de volta este outro evento para o Brasil. O Fórum havia surgido dez anos antes, em Porto Alegre, por conta do atropelamento de ciclistas que participavam de uma bicicletada massa crítica. Então, em Manizales, na Colômbia, eu inscrevi Brasília e a cidade foi eleita.

No ano passado, quando discutíamos a programação, a ideia de unir os dois acontecimentos foi amadurecendo. E pensamos que seria muito interessante mostrar aos gestores públicos e especialmente às autoridades de Brasília que a bicicleta e todas as questões que perpassam a pauta do ciclismo urbano são mundiais, são comuns a todas as cidades do mundo. Concluímos também que a junção dos eventos atrairia mais gente. E, de fato, tivemos inscrições do Canadá, da Índia, para além da América Latina.


Por que o tema deste ano, Salve o Planeta?
Estamos em meio a uma crise climática e acreditamos que a bicicleta é uma importante ferramenta para mitigar os problemas gerados pelo excesso de emissões. Quem troca o carro por uma bicicleta deixa de emitir uma grande quantidade de gases de efeito estufa e material particulado. Por isso, "Salve o planeta, pedale".


Os dois eventos já têm mais de uma década. Na sua opinião, em que medida as demandas dos ciclistas nas cidades vêm sendo atendidas?
O grande desafio no Brasil é deixar de priorizar o carro nas cidades. É conseguir fazer com que a gestão pública compreenda que para estimular o uso da bicicleta é necessário mudar os paradigmas. Precisamos de mais infraestrutura, com mais segurança e conectividade. Não adianta pintar uma faixa no chão numa via de trânsito rápido. De forma geral, as periferias, com bairros que têm muitas bicicletas, ficam fora dos planos cicloviários, e é necessário ligar essas ciclovias entre si, para que os moradores de todos os lugares possam pedalar com mais conforto e segurança.


Como estão sendo organizados os encontros?
A coordenação dos eventos ficou com a Rodas da Paz, mas nós temos a colaboração de várias pessoas da União dos Ciclistas do Brasil (UCB). Eu mesma sou coordenadora na região Centro-Oeste pela UCB e o Bicicultura é originalmente um evento da UCB. Neste ano também estaremos convocando as organizações de outros países que queiram sediar o Fórum Mundial da Bicicleta em 2025 e 2026, porque pelo regimento ele só poderá voltar ao Brasil daqui a quatro anos. E as inscrições para isso já estão abertas, em um formulário disponível no site do evento.


Quem está apoiando os eventos?
Temos alguns patrocinadores e também estamos recebendo apoio do governo local, que está cedendo espaços, facilitando negociações para os locais de hospedagem. Também estamos sendo apoiados pelo promotor Dênio Augusto de Oliveira Moura, do Ministério Público do DF e Territórios. Ele é coordenador da Rede Urbanidade e nos ajuda nos contatos para garantir a segurança do evento, bem como a liberação do sistema viário para algumas atividades externas. E também conversamos com alguns ministérios, como o do Turismo e da Educação, porque contamos que algumas autoridades federais também estejam presentes.


Como ficou a programação?
Estaremos insistindo na ideia de que as cidades precisam reduzir o uso de carros e investir mais na infraestrutura para pedestres e bicicletas. E queremos realizar uma discussão aberta, na qual a grande protagonista seja a sociedade. Então, não haverá palestras, mas mesas de conversa, com cinco ou seis pessoas, para a troca de experiências, em diálogo com o público.

Mas, além das discussões, nós teremos uma série de atividades divertidas. Uma das atrações será um concurso de karaokê com paródias sobre a vida, a cultura e as dificuldades de quem pedala. Também vamos contar com as palhaças do PéVermêi, que estão vindo, de bicicleta, desde Recife. Elas irão cuidar do "Biciculturinha", que vai ser uma programação especial voltada para crianças.
Teremos também algumas festas e vários pedais pelo Plano Piloto de Brasília. A cidade é muito focada no carro e embora tenha uma boa rede cicloviária, infelizmente ela é desconexa. Então, procuramos escolher roteiros bacanas e seguros, de forma que as pessoas possam conhecer a cidade de forma tranquila.


Veja a programação completa:

 

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Comentários

Joanis Simões de Lima - 12 de Agosto de 2024 às 17:29 Positivo 0 Negativo 0

icd

Joanis Simões de Lima - 12 de Agosto de 2024 às 17:29 Positivo 0 Negativo 0

Pedalo desde a minha infância, tenho percebido que com o aumento das quantidade de veículos, também tem aumentado o desrespeito, preconceito e discriminação estes eventos são ótimos para discutir novas ideias e firmar as antigas.

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