Levantamento realizado em junho passado indica que 365 cidades brasileiras investem recursos públicos para subsidiar seu transporte coletivo. Desse total, 135 cidades já adotavam a política de tarifa zero, com 100% de subsídio.
Os dados são da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e foram publicados no Anuário NTU 2023-2024, lançado hoje (6), em um evento em São Paulo. A amostra pesquisada pela NTU revela que a média dos subsídios aplicada atualmente, no Brasil, é de 30% do custo total dos serviços, o que representa um avanço, mas ainda abaixo do patamar aplicado internacionalmente, em média 55%. O aumento dos subsídios é uma forma de tentar reduzir o valor das tarifas de ônibus e assim recuperar passageiros perdidos ao longo da última década.
Conforme o texto divulgado pela NTU, o Brasil registrou uma redução de 44,1% nas viagens de ônibus no transporte público urbano nos últimos dez anos. Isso significa que, em 2023, os ônibus urbanos transportaram menos 19,1 milhões de passageiros equivalentes (pagantes) por dia, em relação à quantidade transportada em 2014 (veja o gráfico). Essa fuga de passageiros se agravou no período da pandemia: em comparação a 2019, o ano passado fechou com uma queda de 25,8%. Isso significa que, nos últimos quatro anos, um em cada quatro passageiros deixou de utilizar o transporte por ônibus, nas cidades pesquisadas.
Passageiros transportados por mês entre 2013 e 2023 (meses de abril e outubro) Fonte: NTU
Indicadores e desempenho
Com onze indicadores, o Anuário NTU apresenta o desempenho do setor de transporte coletivo por ônibus no país nas áreas operacional, de insumos e de custos. A análise detalha o comportamento de nove sistemas de transporte público em capitais e regiões metropolitanas, cobrindo dois períodos diferentes de cada ano da série histórica, os meses de abril e outubro, entre 1994 e 2023. Os sistemas monitorados incluem nove capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Esses sistemas representam 33% da frota nacional, que hoje é de cerca de 107 mil veículos, e 34% da quantidade de passageiros transportados no Brasil. Considerando os meses pesquisados, foram realizadas 204,6 milhões de viagens em abril do ano passado (contra 209,2 milhões em 2022), e 223 milhões em outubro de 2023 (contra 226,7 milhões em 2022), o que representa uma ligeira queda de 1%.
O Anuário também revela o envelhecimento da frota de ônibus, que atingiu 6 anos e 5 meses em 2023, um recorde histórico. A idade média ideal seria de 5 anos. “A renovação dessa frota depende de mecanismos de financiamento acessíveis às empresas operadoras e que não onerem excessivamente o custo do serviço”, explicou Francisco Christovam, diretor executivo da NTU.
Marco Legal do Transporte Público
Para o representante da NTU, além do aumento dos subsídios públicos para cobrir custos da operação, que podem reduzir as tarifas do transporte urbano, outras ações necessárias para a melhoria da mobilidade urbana e recuperação de passageiros incluem a aprovação do novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo, atualmente em tramitação no Congresso Nacional, além de financiamentos para a renovação e ampliação da frota, infraestrutura urbana e adoção de novas tecnologias.
Para saber mais acesse o Anuário NTU 2023-2024
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