A fabricante de cosméticos Natura anunciou ontem (1º) o início de operação de uma frota de carretas movidas a biometano, combustível que pode ser obtido a partir do gás natural ou da decomposição de materiais orgânicos em sistemas de tratamento de esgotos e lixo. A frota consiste em 20 cavalos mecânicos – compostos pela cabine, motor e rodas de tração – e 50 carretas, que transportam as mercadorias. O gás biometano é produzido em uma usina e adquirida pelo parceiro transportador para abastecer os veículos.
Os veículos farão o transporte de coleta e entrega de matéria-prima, insumos e produtos acabados da Natura e da Avon. A operação envolverá fornecedores, fábricas, hubs, centros de distribuição e empresas terceirizadas no estado de São Paulo, em cerca de 1.250 viagens mensais.
O transporte será feito pela empresa Reiter Log, que tem uma ampla frota de caminhões elétricos e movidos a biocombustíveis, e estações próprias (pit stop) para abastecimento dos veículos utilizados na frota dedicada à Natura. A parceria, segundo a Natura, também resultará em uma redução significativa no custo de frete em aproximadamente R$1,2 milhão por ano. Agora, os planos preveem a extensão do transporte com esses caminhões para a rota São Paulo-Minas Gerais e para isso a Natura estuda a criação de um corredor com uma rede parceiros e pontos de abastecimento. "Temos a meta de zerar emissões líquidas de carbono para escopo 1 e 2 e reduzir 42% do escopo 3 até 2030, seguindo a iniciativa Science Based Targets (SBTi)...", explica Josie Romero, vice-presidente de Operações e Logística da Natura.
Emissões mais baixas
De acordo com especialistas, os modernos motores a gás natural ou biometano têm desempenho de torque e potência equivalente ao dos motores diesel, e oferecem vantagens ambientais importantes, como a redução de 40-50% nas emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), baixíssima emissão de materiais particulados e 20% menos ruído. Em relação às emissões de gases de efeito estufa, um motor alimentado com biometano poupa cerca de 26 kg de CO2 equivalente por metro cúbico consumido.
A opção pelo biometano - e não por caminhões elétricos, embora já disponíveis no mercado brasileiro - se deve a ser esse um combustível de transição energética adequado para substituição do diesel, sustenta a empresa. Segundo a Natura, além de reduzir significativamente a emissão dos gases poluentes, o biometano possui escala de produção para suprir a demanda.
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