Como anda a eletrificação do transporte público na América Latina

São quase 600 ônibus elétricos no Brasil, 750 no México, 2.480 no Chile e 1.590 na Colômbia. A chegada de novos fabricantes pode acelerar esse processo

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Fonte: Mobilize Brasil / LVBA Comunicação  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 02 de agosto de 2024

Ônibus a bateria fabricados pela Eletra circulam e

Ônibus a bateria fabricados pela Eletra circulam em S. Paulo

créditos: Sidnei Santos/SPTrans

Até 2050 cerca de 77% da população mundial viverá em áreas urbanas. A informação é da ONU. No Brasil, conforme o IBGE, essa concentração já foi atingida, com mais de 80% dos brasileiros morando em cidades ou em núcleos urbanos, muitas vezes distantes dos centros dos municípios.


Assim, para o acesso ao trabalho, estudo, assistência médica e lazer, a melhoria dos transportes urbanos é crucial para garantir a qualidade de vida nessas cidades. E conforme o relatório "Situação Global do Transporte e Mudança Climática Global", as emissões dos transportes correspondem a 14% das emissões globais de gases de efeito estufa, e as emissões diretas de CO2 do setor aumentaram 29% entre 2000 e 2016. Em cidades como São Paulo, por exemplo, a adoção total de veículos elétricos nos transportes públicos poderia reduzir as emissões de poluentes em cerca de 85%.


"Outras cidades da América Latina, como Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia), estão acelerando rapidamente na descarbonização das frotas de ônibus, não só reduzindo as emissões de efeito estufa e melhorando a qualidade do ar, mas também valorizando o transporte público como medida necessária para tornar as cidades mais acessíveis e inclusivas" afirmou Thomas Maltese, Gerente Sênior da Parceria Zebra na C40 Cities. Além disso, há também um ganho importante no ruído urbano gerado pelos motores diesel de alguns modelos de ônibus que circulam nas cidades, especialmente nos países latino-americanos.


Em 2019, para estimular a substituição dos ônibus diesel por veículos sem emissões, o Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) criou a Parceria Zebra (Acelerador de Implantação Rápida de Ônibus de Emissão Zero), iniciativa que realiza estudos de viabilidade técnica e busca a articulação política com prefeituras e a definição de compromissos com fabricantes de veículos e financiadores.


A Zebra também monitora os ônibus elétricos operantes na região. Esse monitoramento é realizado a partir do E-Bus Radar, plataforma que acompanha as frotas e quantifica as emissões de CO2 evitadas com a implementação dos veículos de emissão zero. O E-Bus Radar já mapeou mais de 5.700 ônibus elétricos em operação em 41 cidades de 12 países da América Latina, destacando o impacto positivo dessa transição para um transporte mais sustentável.


Apenas na capital chilena, Santiago, já existem mais de 2.400 ônibus elétricos, conforme detalhou o vice-ministro chileno Jorge Daza Lobos, em entrevista ao Mobilize Brasil. E o país se prepara para ampliar a eletrificação dos transportes, com trens, teleféricos, barcos, metrôs, além dos ônibus elétricos e bicicletas eletroassistidas. Na Colômbia, conforme o E-Bus Radar, já são quase 1.600 ônibus elétricos, entre trólebus, veículos a bateria, e motorizações híbridas. No Brasil, a Região Metropolitana de São Paulo conta com a maior frota do Brasil. São 477 ônibus elétricos, metade deles trólebus, com predominância de veículos produzidos no país, pela brasileira Eletra, seguida pela chinesa BYD.


"Além do Brasil, vários países estão produzindo ônibus elétricos localmente, ou têm planos de fazê-lo no médio prazo, uma mudança substancial quando comparamos a quase inexistente oferta de ônibus elétricos quando começamos o projeto”, afirma Oscar Delgado, líder da Parceria Zebra no ICCT. Mas a maior parte dos novos veículos ainda está sendo produzida por empresas estrangeiras, chinesas sobretudo, conforme mostra o infográfico do E-Bus Radar.


 

Agora, com a chegada de tradicionais fabricantes europeus, como Mercedes Benz, Volkswagen e Volvo, ao mercado de elétricos da América Latina, esse processo de eletrificação tende a ganhar mais velocidade e diversidade de plataformas. E mais: os programas do governo brasileiro para a aumentar a produção de biocombustíveis e o lançamento hoje (2) do programa brasileiro para a produção de hidrogênio verde, talvez indiquem opções para diversificar a energia para mover os ônibus, bondes barcos e trens necessários ao transporte urbano. Afinal, as baterias de lítio duram cerca de dez anos e ninguém sabe ainda como reciclá-las ou descartá-las sem causar danos ambientais.

 

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