Temos aqui no Distrito Federal duas leis que exigem a instalação de vagas para estacionar bicicleta.1 Leis devem (ou deveriam) ser cumpridas. Mas, na prática, estamos perdendo vagas porque alguns locais bem movimentados de Brasília simplesmente suprimiram os espaços para a guarda das bikes.
Eis quatro (maus) exemplos:
O Liberty Mall, centro comercial no início da Asa Norte, tinha um bicicletário na garagem subterrânea. Era uma instalação bem simples, com poucas vagas, que ocupava um espaço mínimo. No entanto, inexplicavelmente, há algum tempo (mais de um ano) as vagas foram retiradas, obrigando os clientes que chegam de bicicleta a improvisar: nós prendemos as bicicletas em uma extremidade da garagem nas poucas vezes que passamos por lá.
Liberty Mall: bicicletário anterior (esq.) e situação atual, de improviso
Centro de Convenções Ulisses Guimarães: Se você for pedalando a um show, terá que improvisar para estacionar. Apesar dos grandes eventos realizados no local, não há vagas para ciclistas. Na verdade, os suportes para bicicletas que existiam (paraciclos)2, em formato de U invertido, foram retirados após a obra de ampliação do estacionamento. Resumindo, mais vagas para os motoristas e nenhuma para quem usa a bike. Quando vamos a shows por lá, acorrentamos as bikes no gradil que fica na frente.
Antes (esq.) e depois no Centro de Convenções Ulisses Guimarães
O Brasília Shopping, na Asa Norte, havia instalado vagas bem localizadas e sinalizadas, com onze suportes na área externa. Agora essa pequena infraestrutura desapareceu e restaram apenas as vagas no bicicletário interno, com acesso difícil por conta de uma rampa íngreme. O espaço interno é razoável, inclusive com tomadas para recarga de bikes elétricas, mas o desnível requer bons freios na descida e bom porte físico para enfrentar a subida.
Antes e depois no Brasília Shopping
Por fim, o Venâncio Shopping, no início da Asa Sul (ao lado do Pátio Brasil). Havia paraciclos nos dois lados (norte e sul) do centro comercial, mas ambos foram retirados. Sobrou o bicicletário interno, que tem problema de acesso semelhante aos do Brasília Shopping: uma ladeira bem íngreme. Quando preciso ir ao Venâncio ou a algum lugar próximo, estaciono no Brasil 21. Os suportes estão em área coberta, são bons e bonitos (em formato de bicicleta).
Situação anterior (esq.) e improviso atual no Venâncio Shopping
Temos muito a avançar na Capital Federal, tanto em qualidade de ciclovias, quanto em quantidade e qualidade de vagas para estacionar a bike. As lojas, os restaurantes e os centros comerciais têm grande papel para incentivar o uso da bicicleta. Além das vagas para estacionar, descontos na compra e outros mimos para quem chega pedalando podem tornar a bicicleta mais atrativa, como acontece em outras cidades, como em Copenhague, na Dinamarca, onde ciclista tem entrada grátis em museus3.
Para concluir, um bom exemplo...
Bicicletário do Conjunto Nacional
E aí, comerciantes de Brasília, que tal contribuir com a cultura saudável da bicicleta?! Temos um belo exemplo a seguir: o bicicletário amplo, gratuito e confortável do Conjunto Nacional. Existe também um ótimo guia para instalar vagas para os ciclistas, da União de Ciclistas do Brasil (UCB)4. Fica a dica!
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Notas:
1. As leis distritais 4.423/2009 e 4.800/2012 tratam de estacionamentos para bicicletas.
2. Dois termos técnicos são usados para se referir às vagas para ciclistas: paraciclo e bicicletário. Bicicletário é mais estruturado, coberto e com controle de acesso. Paraciclo é mais simples, geralmente são suportes sem controle de acesso e descobertos, para paradas curtas.
3. Notícia do Mobilize sobre a iniciativa em Copenhague: https://www.mobilize.org.br/noticias/14091/em-copenhague-chegar-de-bike-da-direito-a-entrada-gratis-em-museus.html
4. Link para acessar o manual da UCB: https://uniaodeciclistas.org.br/guia-estacionamentos/
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