Mas uma startup europeia está chegando ao Brasil para tentar provar que as patinetes elétricas compartilhadas têm demanda, oferecem um bom serviço e podem ser um excelente negócio. Fundada na Rússia em 2019, a Whoosh conta com mais de 160 mil patinetes elétricas espalhadas em 42 cidades do mundo e tem como objetivo preencher a lacuna entre uma caminhada de 10 minutos e os passeios de até 10 km, oferecendo patinetes e também bicicletas elétricas.
O ponto de partida da operação no Brasil foi a cidade de Florianópolis, que em 2023 recebeu os primeiros 1.300 equipamentos da marca no país. Depois, chegou a Porto Alegre, com outras 1.200 patinetes. E agora, neste sábado, vai estrear no Rio de Janeiro. Há algumas semanas, conversamos com Francisco Forbes, CEO da empresa no Brasil, sobre as novidades do novo sistema de compartilhamento e seus planos no país.
Francisco Forbes, CEO da Whoosh no Brasil Foto: Divulgação
Quais são as principais qualidades das novas patinetes da Whoosh em relação à primeira geração que chegou às cidades brasileiras, anos atrás?
Nossos principais diferenciais são o controle integral das dispositivos e a eficácia do suporte, tudo para manter a ordem urbana e a segurança dos usuários. A Whoosh opera com patinetes eletrônicas 100% novas, vindas diretamente da fábrica e específicas para compartilhamento. Cada patinete possui um módulo IoT (internet das coisas) que permite total monitoramento do estado e das condições dos equipamentos, assim como das viagens realizadas pelos usuários. Temos uma equipe interna dedicada ininterruptamente à manutenção dos aparelhos e ao suporte dos condutores, o que nos permite acompanhar e solucionar rapidamente quaisquer causalidades das patinetes, como o nível de bateria ou a adequação dos locais de estacionamento. Além disso, para garantir a segurança dos usuários, as patinetes têm um limite de velocidade de 20 km/h e a sua área operacional também é limitada.
Algumas cidades do mundo baniram as operadoras de patinetes em função de alguns acidentes provocados por excesso de velocidade, imperícia do condutor e também pela circulação irregular sobre os passeios de pedestres. Como evitar esses problemas?
A Whoosh exige que antes do primeiro aluguel os usuários consultem um material educativo sobre as regras de uso do equipamento no trânsito. O sistema também limita a velocidade máxima das patinetes a 20 km/h. No entanto, quando o usuário circula em rotas mais congestionadas, a velocidade é reduzida automaticamente. Para mais, há certas áreas, onde as patinetes não poderão trafegar, que estão sinalizadas no mapa de nosso aplicativo. Se o sistema de bordo detectar que o locatário está em zona considerada proibida, o veículo emite um som de alerta e interrompe imediatamente sua operação. Todas as operações são conduzidas por meio do app Whoosh. Com apenas alguns toques na tela, é possível localizar e reservar uma patinete disponível, verificar o nível de carga da bateria e os preços das viagens. O processo começa com a leitura do QR Code no guidão do veículo e é concluído com a devolução do equipamento em um dos locais designados com um marcador 'P' no mapa e com adesivos fixados no piso dos pontos de estacionamento.
Outro problema que notamos em várias cidades, inclusive em Florianópolis, onde a empresa já atua, é o vandalismo. Como evitar que patinetes sejam jogados em fontes, lagos, rios e até no mar?
É preciso investir na educação dos condutores. Nós temos, em nosso site uma página que orienta as pessoas sobre como usar os equipamentos, como circular nas cidades e estratégias para evitar acidentes. Também realizamos campanhas como, a Blitz Educativa e a Escola de Condução, e trabalhamos com as prefeituras locais para conscientizar a população sobre o uso dos equipamentos. Com a nossa tecnologia, também colaboramos com as autoridades locais, de forma a garantir que os responsáveis por atos de vandalismo sejam identificados e levados à Justiça. O descarte inadequado dos veículos não é apenas um ato de vandalismo, mas também pode gerar danos ambientais. Por isso, a Whoosh conta com equipes dedicadas para rastrear e recuperar qualquer equipamento que tenha sido descartado indevidamente, estando comprometida em manter as operações em conformidade com as regulamentações ambientais locais. E o módulo IoT em cada dispositivo permite esse controle total sobre o veículo, o usuário e a viagem.
Em Florianópolis, as patinetes parecem ser mais usadas para o lazer. No Rio e em outras cidades brasileiras, a ideia também é esta ou espera-se alguma integração com os transportes públicos?
Mais de 40% da base de usuários de Florianópolis são assinantes e usam as patinetes de forma recorrente, o que nos permite inferir que os pequenos veículos são usados como ferramenta de transporte por essa parcela. Por ser uma cidade turística, é natural que haja uma grande utilização por turistas. No entanto, o nosso foco é promover uma nova solução de transporte e em cidades como Rio e São Paulo, a previsão é que a utilização como meio de transporte seja ainda maior.
E quanto ao preço dos serviços?
O valor será o mesmo que nas outras cidades brasileiras em que a Whoosh já está operando: R$ 2,00 para desbloquear o equipamento mais R$ 0,80 por minuto rodado, com pagamento via PIX ou cartão de crédito. Além disso, disponibilizamos planos diários, semanais, mensais e anuais, que são mais benéficos para o bolso do condutor que utiliza a patinete com frequência.
Aprendendo com os erros
Francisco Forbes explica que antes de entrar em operação a Whoosh estudou os motivos que levaram ao fracasso de outras iniciativas. Em 2019, a norte-americana Lime chegou ao país e seis meses depois anunciou o fim de sua operação por aqui. Na mesma época, a brasileira Yellow se fundiu com a mexicana Grin para criar a Grow, que no ano seguinte entrou em processo de recuperação judicial e teve a sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, meses atrás.
No Rio de Janeiro, inicialmente, a Whoosh irá instalar mil equipamentos com cerca de 200 pontos de estacionamento em bairros da zona sul do Rio, como Ipanema e Leblon, e norte, como Tijuca e Maracanã. Segundo a empresa, a projeção é aumentar o número de patinetes em até 2.6 mil nos próximos três meses, podendo chegar a 550 pontos de estacionamento no período. Forbes adiantou que também está estudando a entrada das patinetes Whoosh em São Paulo.
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