Domingos com Tarifa Zero em SP: 81,3 milhões de usuários em 6 meses

Procura foi maior em domingos próximos do Natal e do Réveillon. Baixa oferta e a não pontualidade comprometem programa, diz especialista em mobilidade do Idec

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Fonte: Agência Brasil  |  Autor: Flávia Albuquerque/ EBC  |  Postado em: 18 de junho de 2024

Sem aumentar oferta, ônibus passaram a lotar aos d

Sem aumentar oferta, ônibus passaram a lotar aos domingos

créditos: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Ao completar seis meses em vigor nesta segunda-feira (17), o Programa Domingão Tarifa Zero, na capital paulista, transportou gratuitamente 81,3 milhões de passageiros. Segundo a SPTrans, que gerencia o sistema de transporte público municipal, isso representa aumento de 32% em relação a dezembro de 2022 e junho de 2023, quando 59,2 milhões de passageiros usaram o transporte por ônibus da cidade de São Paulo.

 

O Programa de Tarifa Zero foi implantado pela prefeitura paulistana em dezembro de 2023, tornando gratuitos os ônibus municipais neste dia da semana.

 

As datas de maior destaque para o programa foram os domingos que coincidiram com o fim de semana de Natal, com 130% de crescimento de um ano para o outro, e de véspera do Réveillon, com 93% de aumento, além do domingo 18 de fevereiro, data do encerramento dos desfiles de blocos de rua do carnaval de São Paulo - que teve aumento de 50% em relação a 2023.

 

A prefeitura também constatou aumento na frequência aos parques municipais. Dados da Secretaria do Verde e Meio Ambiente indicam crescimento de 177% em relação às visitas feitas de dezembro de 2022 a maio de 2023. Quatro dos cinco parques que receberam mais visitantes estão na periferia: Parque do Carmo, Tiquatira e Fazenda do Carmo, na zona leste, e o Bororé, na zona sul.

 

Resultado tímido

Segundo o coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), Rafael Calabria, a Prefeitura de São Paulo tem plenas condições de promover o Domingão Tarifa Zero, mas os erros do programa não permitiram que o resultado fosse melhor. “Na verdade, 30% é um resultado bem tímido perto do que era possível. E foi assim porque o sistema ainda é de má qualidade. A prefeitura está com uma visão muito ruim sobre o transporte coletivo no geral, o discurso de que, se não está lotado, porque a frequência no domingo é bem baixa, então está tudo bem e não se vai aumentar a oferta”, afirmou.

 

Para ele, a baixa oferta, frequência e a não pontualidade existem e desestimulam os passageiros a usar o serviço aos domingos, reduzindo o impacto do programa na cidade. “Com frequência maior, o cidadão teria mais confiança de que conseguirá utilizar o serviço. Há muitas reclamações de demora para as linhas da periferia. É uma visão errada; não é um erro de execução, mas de posicionamento da prefeitura sobre o transporte, tendo uma visão bem elitista. Muita gente que usa [o transporte público] no domingo trabalha e está achando ruim porque aumentou a lotação e piorou o serviço.”

 

Calabria destacou o que chama de "erro administrativo" da Prefeitura por não ter modificado o tipo de contrato de ônibus da cidade, que atualmente paga por passageiro transportado. Com isso, paga-se mais para as empresas no domingo. “Temos a mesma oferta de ônibus, a lotação aumentou sem a empresa gastar mais. Então, está sendo um serviço de má qualidade, muito rentável para o empresário, e a Prefeitura pagando mais por um serviço ruim. Por isso, está sendo mal aproveitado."

 

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