Dezenas de organizações de moradores da cidade de São Paulo estão protestando contra um projeto rodoviarista do governo paulista que pretende ampliar o trecho urbano da Rodovia Raposo Tavares, na zona oeste da RMSP. Trata-se de uma obra no início da rodovia, entre São Paulo e Cotia, área que passou por um intenso processo de urbanização nas últimas décadas, com moradias e estabelecimentos comerciais ao longo de todo o trecho.
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) está agora propondo a renovação da concessão da estrada e anunciando a ampliação de pistas, construção de viadutos, túneis e uma série de obras de grande porte, sob a justificativa de resolver os problemas de congestionamento que afetam a via.
Pegos de surpresa com o anúncio, em abril passado, os moradores entendem que a proposta somente irá agravar a situação, pelo estímulo ao uso de automóveis, e que a nova rodovia ampliada funcionará como um "muro" de separação entre suas duas margens, isolando vizinhanças. Além disso, apontam que o acréscimo de pistas seria inútil, já que a estrada desemboca em vias já completamente congestionadas, no miolo urbano de São Paulo.
Em um abaixo-assinado, as organizações dos vários bairros da região argumentam que a proposta de expansão da estrada vai na contramão das necessidades reais de quem vive e circula na área. Moradores e urbanistas defendem que a "Raposo" deveria ser urbanizada, com a implantação de um sistema de transporte coletivo, como a planejada linha 22 do metrô, um BRT ou um VLT, além de calçadas e ciclovias para estimular a mobilidade leve nos bairros.
Ontem (27), as organizações publicaram uma "Nota de Repúdio" sobre o assunto, pedindo uma discussão mais detalhada da proposta, com participação de toda a sociedade.
"Nota de Repúdio
A população foi surpreendida em 11/04/24 com a matéria do jornal “O Estado de S. Paulo” intitulada “Plano para a Raposo prevê túneis, acessos e pedágios no trecho entre SP e Cotia”, noticiando projeto para concessão rodoviária à iniciativa privada do trecho da Rodovia Raposo Tavares, entre a Capital e Cotia, e com a informação de que estaria em curso uma consulta pública a respeito do assunto, com encerramento já em 16/04/24!
Como é possível que um projeto que, pelas poucas informações apresentadas, deverá gerar um imenso impacto em todo o território de sua influência e instalar cobrança de pedágios dentro de área urbana consolidada, seja feito a toque de caixa, sem respeitar as diretrizes do Estatuto da Cidade que determinam o pleno acesso às informações e controle, desde as etapas iniciais, pela sociedade civil interessada?!!! Onde estão os Estudos Técnicos, de Impacto Ambiental, de Vizinhança, de Mobilidade e os respectivos Estudos Sociais sobre a população instalada na região?
Requeremos que o Poder Público, em âmbito municipal e estadual, retroceda o processo ora em curso, reiniciando o mesmo, com o cumprimento integral das diretrizes legais que norteiam os processos participativos e o direito democrático de controle social, e já adiantamos que Não Concordamos com a degradação que será induzida nas áreas de influência do projeto." (Assinam mais de 80 associações de moradores)
Os moradores também estão recolhendo assinaturas em um abaixo-assinado.
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